O acordo comercial entre Mercosul e União Europeia deve enfrentar alguma resistência política durante o processo de aprovação no parlamento dos países envolvidos, mas ainda é cedo para especular que as críticas ao governo brasileiro geradas por ações na área de meio ambiente e pela liberação de agrotóxicos possam prejudicar a implementação do documento, segundo o secretário de Comércio Exterior do Ministério da Economia, Lucas Ferraz.

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A expectativa do secretário é que a parte comercial do acordo seja aprovada pelo Conselho e Parlamento europeus até o fim de 2020, entrando imediatamente em vigor o início da redução tarifária progressiva acordada entre ambos os lados.

“É muito difícil fazer especulação política”, disse Ferraz a jornalistas, durante encontro com empresários na Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), no Rio.

Para ele, o acordo é positivo para ambos os lados, por isso, há tendência de aprovação dos termos negociados, mesmo que haja um “balanço de forças” entre os agentes políticos da região europeia. No Mercosul, a estimativa da secretaria de Comércio Exterior é que a aprovação dos termos ocorra até antes em todos os parlamentos dos países envolvidos, mesmo que haja troca de comando na Argentina.

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“Estamos falando de um dos maiores acordos comerciais do mundo. É sempre comum que comecem sinalizações, que alguns setores se manifestem politicamente contra. É normal. Mas é importante ter em mente que estimamos, em média, um ano e meio para que seja aprovado no parlamento europeu. Daqui até lá muita coisa ainda vai acontecer. É preciso uma revisão jurídica do acordo. Eventualmente o quadro político na Europa será totalmente diferente, de forma que é muito complicado fazer qualquer tipo de previsão nesse sentido”, declarou o secretário.

Ferraz lembra que o Brasil vem cumprindo com compromissos assumidos anteriormente à eleição de Jair Bolsonaro à Presidência da República, como permanecer signatário do Acordo de Paris, que trata das mudanças climáticas. Apesar da repercussão negativa sobre eventuais dados de desmatamento no País, o secretário acrescentou que o acordo comercial firmado entre Mercosul e União Europeia não prevê punição aos exportadores brasileiros em caso de danos ao meio ambiente no local de origem.

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“Só poderia haver imposição de barreiras contra as nossas importações por questões ambientais desde que o dano ambiental fosse causado no País de destino. Portanto, a questão ambiental no sentido de se desmatamos ou não desmatamos, é óbvio que não vamos fazê-lo, mas ainda que isso ocorresse, isso está completamente fora da previsão do acordo em termos de barreira comercial”, disse ele.