Os credores do grupo OAS, empresa envolvida na Operação Lava Jato, estão questionando o empréstimo de R$ 800 milhões feito pela gestora canadense Brookfield à empresa que está em recuperação judicial. Acusam o grupo de ter fechado apressadamente o empréstimo em valores muito superiores ao necessário, a custo elevado e ainda dando como garantia a joia da cora: a participação total da OAS na Invepar, que detém concessões importantes como a do aeroporto de Guarulhos.

continua após a publicidade

Bancos, detentores de debêntures e de bônus no exterior estão em peso contestando o empréstimo. Dizem em seus argumentos que, na prática, o que se fez foi uma venda disfarçada das ações da Invepar, em que a OAS é dona de quase 25% junto com fundos de pensão. Acusam ainda a empresa de falta de transparência no processo, pois poderia ter feito esta proposta junto com o plano de recuperação e assim ter aprovado por todos os credores.

Juntos, esses credores que agora questionam a OAS chegam a deter cerca de metade dos R$ 9 bilhões devidos pela OAS e reclamam de não terem sido ouvidos antes da decisão de se fazer o empréstimo. Se não chegarem a um consenso, o processo de recuperação da OAS poderá estar comprometido.

Até agora, a OAS não se manifestou no processo sobre as contestações e na quinta-feira o juiz do processo, Daniel Carnio Costa, vai ouvir todas os envolvidos em uma audiência no Fórum João Mendes em São Paulo para então tomar uma decisão.

continua após a publicidade

Um dos advogados de credores diz que os termos do empréstimo são tão abusivos que se por qualquer motivo não for adiante, a OAS terá que pagar uma multa de quase R$ 60 milhões à Brookfield.

Quando foi feito o anúncio do financiamento, a OAS alegou que o dinheiro serviria para equilibrar o fluxo de caixa da empresa e permitir a continuidade das atividades. O problema segundo os credores é que até agora não foi apresentado nenhum documento que justifique o valor e onde os recursos serão usados.

continua após a publicidade

Pelos balanços apresentados pela OAS, segundo advogados de diversos dos credores, a necessidade de caixa seria de apenas R$ 250 milhões neste ano. O empréstimo aumenta a dívida da OAS em quase 10% e teve um custo elevado, de 26% ao ano, segundo os credores. Se não for pago, a Brookfield leva a Invepar, já que neste tipo de empréstimo feito após o início da recuperação judicial há preferência no recebimento. Ficou acertado um período de exclusividade para o fundo canadense avaliar o ativo e terá ainda preferência sobre ofertas feitas por terceiros. A Brookfield e a OAS não quiseram fazer qualquer comentário.

Desvios

No processo de recuperação judicial da OAS, o financiamento não é o único questionamento dos credores. Alguns deles acusam a empresa de esconder patrimônio ao desviar cerca de R$ 263 milhões para as sociedades de participações que pertencem aos acionistas: famílias Mata Pires e Pinheiro Filho. No processo, a OAS nega ter feito essa transferência. Questionam ainda o fato de a empresa ter pago salário para José Aldemário Pinheiro Filho, conhecido como Léo Pinheiro, um dos acionistas e que foi preso durante a Operação no ano passado. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.