O acordo anunciado ontem pela Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) deve beneficiar produtores de xisto, enquanto os investimentos em produção offshore continuarão pressionados, afirma a Rystad Energy.
Em nota, a consultoria de energia afirma que, com o corte de 1,2 milhão de barris por dia (bpd), a produção global líquida deve ficar próxima dos atuais níveis em 2017. Por outro lado, é esperado que a demanda cresça em cerca de 1,3 milhão de bpd no período, o que terá forte impacto sobre os estoques mundiais.
“Este é o segundo ano seguido que a produção de petróleo global não cresce”, diz Espen Erlingsen, vice-presidente de análise da Rystad Energy. Ele nota, no entanto, que, enquanto a produção de xisto se mostrou bastante resistente no período, com quedas apenas marginais do volume extraído, a produção offshore está posicionada para “manter o posto de vítima em que se encontra desde a decisão da Opep em 2014”.
Na ocasião, o cartel surpreendeu ao anunciar que não iria diminuir seu teto de produção, o que aprofundou o tombo os preços da commodity, que chegaram a rondar o patamar dos US$ 27 por barril no início deste ano.
A consultoria acredita que, ao passo que a produção de xisto está posicionada para crescer significantemente a partir de 2018, com um incremento anual de 1 milhão de bpd, a produção offshore, cujos investimentos já se encontram nos menores níveis desde os anos 1970, deve registrar declínio no período.
“Enquanto o xisto se mostrou bastante resistente, apenas 1,3 bilhão de barris em novos volumes de petróleo offshore foram sancionados em 2016, comparado com uma média anual de 10 bilhões de barris no período entre 2010 e 2013”, diz Erlingsen. Dessa forma, é provável que o declínio da produção que não é da Opep nem do xisto se mostrará cada vez mais visível no longo prazo. (Marcelo Osakabe)
