Foto: Agência Brasil

Rodrigues com os usineiros em Brasília: setor privado deve bancar a estocagem.

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O governo fechou ontem um acordo com os usineiros para fixar o preço do litro do álcool na usina em R$ 1,05 durante o período de entressafra, que vai até abril. Há duas semanas, com o último reajuste, o litro do álcool chegou a R$ 1,09.

O entendimento com os usineiros deverá provocar, na expectativa do governo, uma redução no preço do combustível na bomba, beneficiando o consumidor que, desde o fim do ano passado enfrenta aumentos no preço do álcool. Os produtores de cana-de-açúcar garantiram o abastecimento do produto e firmaram o compromisso de que, se necessário, anteciparão para março o início da próxima safra.

O acordo foi comemorado pelo governo e foi especialmente significativo para o ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues. Não podendo renunciar à condição de plantador de cana, Rodrigues intercedeu ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva e sustentou que seria possível firmar um acordo. Caso contrário, ele próprio se sentiria extremamente constrangido.

De fato, após uma longa reunião, Rodrigues e os ministros da Fazenda, Antonio Palocci, e da Casa Civil, Dilma Rousseff, além do interino de Minas e Energia, Nelson Hubner, anunciaram o acordo, sem que o governo tivesse de lançar mão de "medidas drásticas".

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"A reunião de hoje tem um valor histórico", afirmou Rodrigues, explicando que o Brasil vive um momento crescente de demanda de etanol, tanto no mercado interno, com a produção de carros bicombustíveis, como no internacional. Desde a semana passada, o governo vem tentando encontrar uma saída para barrar a escalada dos preços do combustível.

A proposta inicial do governo era de manter o acordo fechado na entressafra de 2003, em que o litro do álcool na usina foi fixado em R$ 1,00. Rodrigues disse que, de lá para cá, houve inflação de 20%, o que poderia resultar em valor mais alto que R$ 1,05. Segundo o secretário-executivo do Ministério da Fazenda, Murilo Portugal, o impacto do acordo na inflação será pequeno, já que o peso do álcool no IPCA é de 1%.

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A concordância dos usineiros, segundo Rodrigues, foi um reconhecimento da importância do etanol para o País e do esforço do governo para promover o uso do combustível alternativo. "Não queremos matar a galinha dos ovos de ouro. Nem os produtores querem", afirmou o ministro.

O resultado mais importante das negociações, na avaliação de Hubner, é a garantia de que não haverá novos aumentos. Ele previu ainda uma queda nos preços do álcool nas bombas, mas não quis fazer uma projeção dessa redução porque o preço varia de Estado para Estado, já que o ICMS sobre o combustível não é uniforme.