O diretor indicado para a área de Assuntos Internacionais do Banco Central, Alexandre Schwartsman, disse ontem que considera “prudente” a assinatura de um novo acordo do Brasil com o FMI (Fundo Monetário Internacional) pelo período de um ano.
Para Schwartsman, o país tem condições de ficar sem o acordo. Ele avalia, porém, que um novo acordo deve ser encarado como “um seguro-saúde para uma família saudável”. Ou seja, contratado para evitar imprevistos.
Questionado sobre os altos juros cobrados pelos bancos, Schwartsman afirmou que essas taxas não são resultado apenas do juro básico (Selic) elevado.
Segundo ele, os spreads bancários (diferença entre o que bancos pagam para captar dinheiro no mercado e o que é cobrado nos empréstimos) são elevados também porque os depósitos compulsórios são altos e a Lei de Falências em vigor favorece os maus pagadores.
Schwartsman, indicado neste mês para o cargo, foi sabatinado ontem pelos senadores da CAE (Comissão de Assuntos Econômicos).
Prós e contras
As vantagens de fechar o acordo seriam: 1) Um novo acordo serve de colchão para eventual nova crise internacional; 2) Só o fato de ter um acordo em vigência com o FMI melhora a confiança internacional sobre o país; 3) É uma mostra de que as políticas adotadas pelo governo são corroboradas pelo Fundo.
Já as desvantagens de fechar o acordo são: 1) Um novo acordo amarraria as pretensões de investimento do governo, ao exigir superávit primário rígido; 2) Há setores do governo que acreditam que o país terá divisas suficientes para fechar suas contas no próximo ano e, portanto, seria melhor fazê-lo usando os próprios meios
Para reduzir o impacto negativo dessas desvantagens na economia do país, o governo Luiz Inácio Lula da Silva quer: 1) Incluir no acordo metas sociais, como número de famílias assentadas na reforma agrária e aumento da rede de saneamento básico; 2) Retirar os investimentos de algumas estatais da conta do déficit público, já que, hoje, com exceção da Petrobras, esses investimentos são considerados simplesmente como gastos.