O número de processos trabalhistas iniciados no Paraná aumentou 10% nos quatro primeiros meses deste ano, na comparação com o mesmo período do ano passado.
A informação foi revelada ontem pelo Tribunal Regional do Trabalho do Paraná (TRT-PR), que registrou, nas suas 82 varas do trabalho, quase 38 mil processos ajuizados de janeiro a abril de 2009, ante 34,4 mil iniciados no primeiro quadrimestre de 2008. Segundo o órgão, o aumento foi maior principalmente nos municípios pequenos.
Um exemplo dado pelo TRT-PR foi a Vara do Trabalho de Jaguariaíva, na região do Norte Pioneiro. Lá, o movimento triplicou este ano: foram 287 novos processos até abril, contra 92 nos quatro primeiros meses de 2008. O tribunal atribui o aumento especialmente a cerca de 400 demissões ocorridas em uma madeireira em Sengés (município atendido pela unidade).
Na mesma região, em Wenceslau Braz, o aumento nos processos foi de 72%, na mesma comparação. Já foram 339 até abril, o que levou a direção da vara a estimar que, este ano, a unidade ultrapasse pela primeira vez a marca de mil novos feitos.
Em 2007, foram 713 e, em 2008, foram 525 processos. Segundo o tribunal, além do aumento de desligamentos de empregados na região, a abertura de um novo posto de atendimento em Ibaiti, vinculado à unidade, atendeu a uma demanda reprimida no local.
Em Rolândia, no norte do Estado, houve outro aumento considerável. Enquanto de janeiro a abril do ano passado a Vara do Trabalho local recebeu 350 ações, este ano, no mesmo período, já foram 663 – um incremento de 89%. A maior causa seriam, de acordo com o TRT-PR, demissões em uma fábrica de móveis local.
Já nas cidades maiores, não foram detectados grandes aumentos na Justiça do Trabalho. Em Curitiba, por exemplo, foram 9.576 novos processos até abril deste ano, contra 9.225 no mesmo período, em 2008.
Em Araucária, houve até redução: enquanto em 2008 foram 1.044 processos ajuizados até abril, neste ano o número só chegou a 860. Em Ponta Grossa, o número também diminuiu: foram 2.180 ações em 2008 e 1.985 este ano.
Crise
Em comunicado à imprensa, a presidente do TRT-PR, desembargadora Rosalie Michaele Bacila Batista, atribuiu o aumento de processos no Estado à crise econômica mundial.
Para ela, as “inevitáveis consequências” da crise chegam à Justiça, que reflete, “cada vez mais, as dificuldades nas relações de trabalho”. A desembargadora reiterou, ainda, a necessidade de mais servidores no tribunal – um projeto de lei em trâmite no Senado prevê a criação de 320 novos cargos -, mas ressaltou o bom índice de conciliações no Estado, que chegam a 47% do total de processos.