O valor das ações da Positivo Informática, que fechou ontem em R$ 5,25, é o mais baixo de 2009. Só neste ano, as ações já amargam uma queda de mais de 23% e, nos últimos 12 meses, a desvalorização passa de 83%.
Em dezembro de 2008, com a possibilidade de compra da empresa pela chinesa Lenovo, os papéis da empresa chegaram a valorizar, alcançando um pico de R$ 8,14. Mas a recusa da oferta, que foi de R$ 18 por ação, fez os papéis voltarem a cair.
De acordo com o analista Rafael Cordeiro, da corretora Omar Camargo, o cenário no ano passado, que já indicava, mesmo antes da crise financeira, uma redução no consumo e um aumento no dólar, impactou diretamente sobre a empresa paranaense.
A grande quantidade de investidores estrangeiros – cerca de 70% – também contribuiu bastante para a queda. “Eles foram os primeiros a sair da bolsa no início da crise”, diz.
A situação atual da Positivo Informática contrasta bastante com a apresentada em fevereiro do ano passado, quando a empresa divulgou o balanço de 2007. Naquele ano, as ações valorizaram 89,2% e chegaram a valer R$ 49,50, alcançando seu valor mais alto desde que foram colocadas na Bovespa, em novembro de 2006.
“No lançamento, as ações valiam cerca de R$ 24. A empresa tinha uma perspectiva futura muito boa e vinha crescendo a um ritmo galopante”, avalia Cordeiro.
Para o analista, levando-se em conta o preço que as ações já atingiram, dificilmente os acionistas majoritários aceitariam uma oferta menor do que R$ 25 por ação.
“Ao mesmo tempo, não acreditamos que alguém vá oferecer mais do que isso”, afirma. Quando recusou a oferta da Lenovo, a Positivo Informática justificou, dizendo que a proposta “não era interessante no longo prazo”, e que não seria possível implementar qualquer operação dado o contexto econômico da época. Ontem, voltou a informar, através da assessoria, que não há novidades.
Além da Lenovo, que efetuou uma oferta pública pela empresa paranaense, a norte-americana Dell, que possui unidades no Brasil, também já foi cotada como uma possível interessada.
E Cordeiro acredita que a empresa tenha condições de fazer uma oferta mais atrativa do que a da fabricante chinesa. “Ela tem um caixa muito superior ao da Lenovo”, afirma, lembrando que ainda há possibilidade de novas negociações.
Mas um dos impeditivos para a venda da Positivo Informática seria, conforme Cordeiro, uma cláusula constante no estatuto dos acionistas, conhecida como “poison pills”.
Segundo a determinação, qualquer comprador que adquira mais de 10% das ações precisa pagar por elas o equivalente à cotação máxima dos últimos 24 meses – no caso, R$ 47,48.
“Isso seria um impeditivo para a venda”, diz o analista. Mas Cordeiro revela que a medida pode ser contornada. “Pode ser feita, por exemplo, uma oferta pública de aquisição aos acionistas atuais, ou recorrer à Câmara de Arbitragem da Bovespa”, diz.