Boa para o consumidor e ruim para o investidor, ou vice-versa. Quebrar esse ciclo deverá ser um dos principais desafios da próxima gestão da Copel, que deverá assumir com o novo governo, no início do ano que vem.

continua após a publicidade

Os últimos meses mostram claramente como mudanças políticas influenciaram tanto nas tarifas ao consumidor – que deixaram de ter desconto e subiram cerca de 15% -, como nos valores das ações na Bolsa de Valores de São Paulo, que no espaço de um ano valorizaram quase 45%.

O mercado de ações mostrou claramente como a ingerência política é levada em conta na hora de investir. Se no dia 1º de outubro, o último dia útil antes do primeiro turno das eleições, os papéis da Copel (CPLE6) eram negociados a R$ 37, no dia 5, terça-feira, já tinham passado da barreira dos R$ 40 – valor acima da média histórica da companhia.

Dados do Ibovespa indicam que as ações da Copel fecharam outubro valorizando mais de 7%. Em novembro, a escalada continuou. Ontem, por exemplo, os papéis  já foram negociados a R$ 42. O valor é quase 45% superior aos R$ 29 atingidos há cerca de um ano – marca mais baixa dos últimos 12 meses.

continua após a publicidade

“Empresas controladas por governos estão sujeitas a isso”, comenta o analista Luiz Augusto Pacheco, da Omar Camargo Investimentos. Segundo ele, as ações da Copel vêm reagindo desde que se começou a especular a saída antecipada de Roberto Requião (PMDB) do governo do Estado. No final de fevereiro, quando a mudança já era certa, os papéis  valiam R$ 36.

Eficiência

continua após a publicidade

De acordo com Pacheco, não era apenas o desconto nas tarifas de energia elétrica que incomodava os investidores na Copel. O mercado, diz ele, considerava que o governo anterior promovia gastos excessivos com pessoal e também se preocupava com uma queda na eficiência da empresa. “E a Copel sempre foi conhecida no mercado pelo risco político baixo”, observa.

O analista também afirma que a gestão do economista Ronald Ravedutti, que assumiu a Copel depois que Orlando Pessuti (PMDB) se tornou governador, deu bons sinais ao acabar, em julho, com o desconto na tarifa cobrada aos consumidores que pagavam a conta em dia.

Agora, os olhos do mercado voltam-se à futura gestão. Em campanha, o governador eleito, Beto Richa (PSDB) , já mandava recados aos investidores, ao prometer uma Copel “eficiente e competitiva”, e aos consumidores de mais baixa renda, ao assumir o compromisso de manter programas de cunho social.