Como já era esperado pelo mercado, os acionistas da GVT decidiram, ontem, dispensar a aplicação de cláusulas contra a dispersão da base acionária (as chamadas “poison pills”) de seu Estatuto Social.
A decisão ajuda a viabilizar a possível compra da maioria das ações da companhia, que é estabelecida em Curitiba. A Telesp controlada pela espanhola Telefónica e a francesa Vivendi são as principais candidatas à aquisição.
A decisão dos acionistas aconteceu em assembleia geral extraordinária realizada ontem, em Curitiba. Pelo Estatuto, em caso de Oferta Pública de Ações (OPA), o valor de cada papel não poderia ser inferior a 125% da cotação mais alta atingida nos 12 meses anteriores; 125% do preço mais alto pago pelo adquirente em outra ocasião; ou o valor apurado em uma avaliação. As duas interessadas na compra da GVT exigiam a retirada das cláusulas para efetuarem suas OPAs.
A oferta da Vivendi, feita em setembro, era de R$ 42 por ação. Em outubro, a Telesp anunciou que estaria disposta a pagar até R$ 48 preço que os acionistas atuais, ontem, determinaram como mínimo para cada papel da companhia. Além do preço e da dispensa das “poison pills”, os acionistas também colocaram uma data limite para a aquisição (28 de fevereiro de 2010) e definiram, entre outros detalhes, que ela deverá ser feita em dinheiro. O negócio também deve ser aprovado pela Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel).
Para o analista financeiro da corretora Omar Camargo, Luiz Augusto Pacheco, decisões como a de ontem são comuns no mercado, e era esperada no caso da GVT. Segundo ele, caso não houvesse a dispensa, o valor por ação poderia ultrapassar os R$ 60, inviabilizando a venda. Ao preço de R$ 48 por ação, uma aquisição de 100% da companhia totalizaria cerca de R$ 6,5 bilhões.
De acordo com Pacheco, a partir dessa definição dos acionistas, adquirir papéis da companhia, atualmente, pode não ser um bom negócio. “Não está tão atrativo agora”, afirma, prevendo que dificilmente as duas empresas que devem disputar a GVT ultrapassem muito o preço mínimo de R$ 48 por ação. Ontem, os papéis da GVT Holding (GVTT3) eram negociados, na Bovespa, a R$ 51, com alta de 1,19%.
O analista lembrou, ainda, que a Vivendi já concluiu a diligência legal (“due dilligence”) na GVT e que sua diretoria está autorizada a efetuar a compra de até 100% da companhia. Mas a empresa francesa ainda não disse se está disposta a cobrir a oferta da Telesp. Conforme Pacheco, uma possível compra deve acontecer ainda este ano – ou seja, antes da data limite estabelecida pelos acionistas.