A decisão do Banco Central (BC) anunciada na noite desta terça-feira, 25, de zerar a alíquota de compulsório incidente sobre a posição vendida dos bancos no mercado de câmbio, surpreendeu o diretor-presidente da Sociedade Brasileira de Estudos de Empresas Transnacionais e da Globalização Econômica (Sobeet), Luís Afonso Lima. “O câmbio derreteu hoje e não era o dia para fazer isso”, afirmou. Depois de uma escalada de alta nas duas últimas semanas, a moeda norte-americana fechou nesta sessão a R$ 2,21, com a terceira baixa consecutiva e no menor valor em uma semana.
Para o economista, a ação do BC não é coerente com seu discurso, de que apenas interfere no mercado para minimizar a volatilidade. “Fica claro que o BC busca um nível de câmbio mais baixo por conta da pressão sobre a inflação. Fica bem evidente essa preocupação, e não a questão da volatilidade”, declarou ao Broadcast, serviço de notícias em tempo real da Agência Estado.
Lima lembrou que, desde dezembro do ano passado, a alíquota do compulsório era de 60% sobre qualquer posição vendida que ultrapassasse US$ 3 bilhões. “Foi uma medida criada antes do IOF, mas que já foi efetivada parcialmente no passado recente. O efeito dessa retirada é apenas residual. Não é uma medida que foi realizada agora, pois teve uma parte já feita”, considerou.
Inicialmente, a alíquota valia para montantes superiores a US$ 3 bilhões, depois passou para US$ 1 bilhão e voltou para US$ 3 bilhões. “O BC comenta que só cria medidas ou intervém no mercado por medidas paralelas quando o câmbio está volátil e agora está criando essa medida, que acaba criando mais volatilidade. Tivemos um overshooting na semana passada e não sabemos até onde isso vai dar”, afirmou.