A Associação Brasileira dos Provedores de Internet e Telecomunicações (Abrint) solicitou à Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) participação, como terceira interessada, nos autos do processo referente ao Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) que está em discussão com a Telefônica Brasil.

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O requerimento ocorre uma semana depois da divulgação de uma nota pela Abrint na qual a entidade cobra transparência do regulador em relação ao cumprimento de determinações apresentadas pelo Tribunal de Contas da União (TCU) em relação ao TAC.

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“Após mais de 45 dias do ato do TCU, não houve ainda qualquer posicionamento por parte da Anatel diante da necessidade de ajustes no processo que envolve a Telefônica. É fundamental que possamos apurar e debater os critérios de escolha das localidades beneficiadas e das tecnologias empregadas”, comentou o presidente da Abrint, Basílio Perez, em nota distribuída à imprensa.

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No fim de setembro, o Tribunal de Contas da União decidiu que a Anatel pode trocar as multas aplicadas contra as operadoras de telefonia por investimentos das empresas no setor. Isso viabilizará, por exemplo, a oferta de serviços de internet rápida nas cidades carentes desse serviço, pois têm pouca ou nenhuma atratividade comercial para as empresas.

A decisão do TCU foi tomada a partir do TAC que havia sido firmado entre a Anatel e a Telefônica, negociação que envolve investimentos que podem chegar a R$ 4,8 bilhões, em vez das multas que chegavam a R$ 2,2 bilhões.

Por sua vez, a Abrint, que defende os interesses de pequenos e médios provedores no interior do País, tem mostrado ressalvas ao tema. A Abrint teme que a Telefônica e outras corporações migrem para cidades médias, onde os pequenos provedores já oferecem banda larga, ainda que o serviço não seja tão veloz e/ou não atenda a todos os bairros.

A entidade argumenta que a conversão da dívida em investimentos deve ter o objetivo de garantir a implantação de internet banda larga exclusivamente nas cidades que ainda não têm esse serviço. Esse é caso dos municípios com populações pequenas ou isolamento geográfico, sem atratividade comercial para as empresas.

“Toda a sociedade deve ter acesso aos detalhes da ação. Há diversas indagações no ar, por exemplo: será que a escolha dos municípios não deveria priorizar aqueles que mais carecem de infraestrutura ao invés daqueles de maior população? A tecnologia FTTH – fiber to the home -, possivelmente de custo mais caro ao usuário final, seria mesmo a mais indicada para expandir a banda larga? E o que dizer sobre o ambiente competitivo nas regiões, haverá beneficiamento da empresa que está contando com benefícios públicos?”, acrescenta Basílio Perez.

Com o objetivo de zelar pelos interesses de seus associados – provedores regionais espalhados por todo o território nacional, responsáveis pelo crescimento da banda larga fixa no país -, a associação deseja participar ativamente do processo. Como terceira interessada, a entidade será notificada para se manifestar diante de qualquer decisão no caso.

“Desde sua fundação, a Abrint sempre acompanhou de perto a evolução das negociações dos Termos de Ajustamento de Conduta conduzidos pela Anatel, tendo, em inúmeras ocasiões, exposto preocupação sobre o direcionamento dos recursos a serem investidos em infraestrutura. Como parte interessada do processo, teremos melhores condições de atuar em prol de nossos associados e dos interesses do público em geral”, finaliza o presidente da Abrint.