Abrinq apóia acordo para os brinquedos

Foto: Arquivo/O Estado

Venda de brinquedos: China tem 40% do mercado.

O presidente da Associação Brasileira da Indústria de Brinquedos (Abrinq), Synésio Batista da Costa, considera positivo o acordo fechado anteontem entre os fabricantes de brinquedos de Brasil e China, que limita as exportações chinesas do setor para o País ao mesmo nível de 2005, ou 40% do mercado (US$ 90 milhões no ano passado).  

Para obter o acordo, no entanto, a indústria teve de ceder. Os negociadores brasileiros defendiam um pacto até 2013, mas os chineses conseguiram que ele vigore até 2010. Em entrevista à Agência Estado em julho, Costa havia dito que a Abrinq aceitaria uma negociação que resultasse em uma fatia de 30% para os chineses no mercado brasileiro de brinquedos, ou a adoção de salvaguardas. Os chineses conseguiram uma parcela de 40%.

De qualquer forma, afirmou o executivo, o ?acordo de convivência? evita um confronto comercial maior entre os dois países, que poderia chegar à Organização Mundial do Comércio (OMC).

O acordo foi fechado entre os fabricantes, assessorados pelos dois governos. A delegação brasileira foi chefiada pelo secretário de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento Armando Meziat. O acordo prevê também uma avaliação semestral da evolução do mercado para verificar a ocorrência de novos fatores que justifiquem mudanças.

Mesmo depois de usufruir por dez anos de um regime de salvaguardas contra importados, a indústria brasileira de brinquedos ainda depende desse mecanismo para sobreviver e se fortalecer. O setor foi o único do País a obter o direito de aplicar salvaguardas dentro das regras da OMC, ou seja, contra todos os países. O segmento desfrutou da proteção de junho de 1996 a junho deste ano – incluindo as duas renovações possíveis. Com o fim da barreira comercial e enfrentando uma nova invasão de produtos chineses desde 2004, os fabricantes voltaram a pedir proteção, desta vez se valendo do mecanismo de salvaguardas transitórias contra importações da China, criado há poucos meses pelo governo federal. Daí resultou o acordo de conveniência assinado ontem.

?Estávamos saindo do vermelho, mas a apreciação do câmbio iniciada em 2004, a política dos juros altos e o altíssimo nível de subfaturamento e contrabando de importados nos jogaram de novo em uma situação insustentável?, disse Costa.

Para se ter uma idéia do tamanho do novo ?ataque? chinês, em maio de 2004 o Brasil importou US$ 3 milhões em brinquedos da China; em maio de 2005, foram US$ 4,8 milhões; no mesmo mês deste ano, US$ 8 milhões. Em julho de 2004, US$ 5,8 milhões; no mesmo mês de 2005, US$ 9,6 milhões.

O Brasil já havia assinado com a China, em fevereiro deste ano, um acordo de restrição no setor têxtil. Este entendimento, contudo, pode ser considerado um marco, uma vez que os chineses resistem em aceitar acordos em outras áreas que não a têxtil para não abrir precedente para outros países.

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