Foi dada a largada para as contratações temporárias. A partir deste mês até o final do ano, indústrias e especialmente o comércio devem abrir vagas nos mais diversos ramos. Para quem está desempregado, esta é uma oportunidade de se inserir de vez no mercado de trabalho. É que dependendo do desempenho do funcionário, o contrato temporário pode se transformar em efetivo.
?Muitas empresas nos colocam que têm a intenção de fazer a efetivação. Por isso, orientamos sempre para que o temporário tenha comportamento até acima do esperado pelo empregador?, afirmou a diretora da agência de recursos humanos RHBrasil, unidade Curitiba, Tânia de Góes Furtado.
Na RHBrasil, as contratações temporárias já começaram, segundo Tânia. A expectativa é aumentar as contratações em 20% este mês e 40% em outubro. Em agosto, a agência fez 420 colocações no mercado de trabalho. No caso de emprego temporário na indústria, Tânia conta que normalmente é exigida experiência de seis meses. Os ramos são os mais diversos, desde indústria plástica, até de eletrodomésticos, metalúrgica, distribuidoras. Para quem tenta uma vaga no comércio – para muitos pode ser até a oportunidade do primeiro emprego -, é preciso que a pessoa seja dinâmica, pró-ativa e interessada em se desenvolver na área de vendas. Quanto aos salários, eles giram em torno de R$ 400,00, segundo Tânia, podendo ser maior dependendo a experiência do candidato. ?Algumas empresas trabalham com pisos salariais ou até salário acima do piso.?
10 mil oportunidades
Conforme pesquisa realizada pela Federação do Comércio no Paraná (Fecomércio/PR), o comércio de Curitiba e Região Metropolitana deve abrir entre 9 e 10 mil oportunidades de trabalho temporário até o final do ano. Alguns segmentos do comércio se destacam na contratação de mão-de-obra
temporária. É o caso dos supermercados, hipermercados, atacadistas de gêneros alimentícios, que registram, em função das festas de final de ano, um crescimento significativo nas encomendas de cestas básicas e cestas de Natal, exigindo mais trabalho na confecção destas cestas, na carga e descarga, armazenagem, entregas, logística, etc. ?No caso das lojas de varejo em geral, a necessidade se acentua com profissionais para o atendimento direto ao cliente, empacotamento, embalagens para presente e entregas?, explica o economista Vamberto Santana, consultor econômico da Federação do Comércio do Paraná.
Para o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Sócio-Econômicos, regional Paraná (Dieese-PR), as expectativas são bem menos otimistas: a previsão é de 10 mil vagas no comércio varejista de todo o Paraná, sendo 4 mil na Grande Curitiba e 6 mil no interior. ?Significa um incremento de quase 3%?, afirmou o supervisor técnico do Dieese-PR, Cid Cordeiro.
Segundo ele, com a economia crescendo menos este ano em relação a 2004, a expectativa é que as vendas de Natal também sejam menores. ?Alguns fatores, porém, podem surpreender, como a deflação observada em alguns produtos e o aumento do salário, que podem gerar um aumento de vendas?, afirmou. ?O cenário também é diferente: no ano passado os juros estavam aumentando e este ano estão em queda?, acrescentou.
Segmentos
Entre os segmentos que sentem um acréscimo na clientela e passam a necessitar de mais mão-de-obra no final de ano estão restaurantes, bares, cantinas e casas noturnas. ?As festas particulares, realizadas pelas famílias ou por empresas, as formaturas, os bailes, exigem profissionais como cozinheiros, garçons, músicos, entre outros, fazendo com que o mercado de trabalho fique mais pela oferta de oportunidades do que por demanda de trabalhadores?, acentua o consultor econômico da Fecomércio/PR.
E não são apenas os festejos de Natal e final de ano que vão proporcionar abertura de oportunidades de trabalho temporário. O verão também traz consigo efeitos no mercado de trabalho. ?As academias de ginástica sentem o acréscimo no número de freqüentadores, que se preparam para as praias no verão. Isso exige mais funcionários, como recepcionistas, atendentes em geral, pessoas para trabalhar nas áreas de asseio e conservação?, acentua o economista.
Outro setor que ganha impulso com a chegada do verão é o de turismo. ?Hotéis e empresas especializadas precisam de pessoas para atuarem como guias de turismo, recreacionistas, motoristas, etc?, explica Vamberto.
É preciso lembrar que as empresas dão treinamento ou exigem experiência anterior dos candidatos a trabalho temporário. O domínio da informática é necessário em áreas específicas, como telemarketing, crediário, controle de estoques, entre outros. Muitos dão preferência a quem já atuou como temporário na mesma empresa.
Cuidados que precisam ser adotados pelas empresas
Alguns cuidados que o empregado deve ter se o trabalho for temporário (Lei nº 6.019/74):
– Exigir o contrato escrito e registro na carteira profissional por parte da empresa fornecedora de mão-de-obra temporária;
– Certificar-se de que o contrato será celebrado por até 3 meses, podendo ser prorrogado, por uma única vez, até o máximo de 6 meses no total, mediante autorização do MTE (Ministério do Trabalho e Emprego);
– O trabalhador tem direito à remuneração equivalente a dos empregados regulares da empresa, férias proporcionais, descanso semanal remunerado e proteção previdenciária;
– Neste tipo de contrato, a tomadora de serviços fica solidariamente responsável pelos débitos trabalhistas e previdenciários da fornecedora de mão-de-obra em caso de falência desta última;
– Aplica-se o regime do FGTS.
A empresa também precisa ficar atenta aos seguintes detalhes:
– Celebrar contrato de prestação de serviços com a empresa fornecedora de mão-de-obra;
– Exigir que o contrato de trabalho do temporário seja anexado ao contrato de prestação de serviços da empresa fornecedora de mão-de-obra;
– Fiscalizar o cumprimento da lei pela fornecedora de mão-de-obra temporária, inclusive recolhimento de contribuições previdenciárias, do FGTS e fiscais;
– Reter 11% da fatura em favor do INSS para futura compensação;
– O direito à estabilidade no emprego do acidentado e da gestante só perdura durante a vigência do contrato que sempre é celebrado com prazo;
