O presidente da Associação Brasileira da Indústria Têxtil (Abravest), Roberto Chadad, criticou nesta segunda-feira (9) a camuflagem do governo brasileiro na solicitação de elevação de tarifas para o Mercosul. Ele se disse surpreso e indignado ao tomar conhecimento da notícia publicada na edição de hoje do jornal O Estado de S. Paulo de que o Brasil propôs aumentar a taxa de importação de tecidos de 20% para 30%, mas atribuiu a medida à Argentina.
Chadad argumentou que, em contatos permanentes com representantes do governo, Ministério do Desenvolvimento e da Câmara de Comércio Exterior (Camex) em Brasília, jamais foi levantado o assunto sobre elevação preço de matérias-primas importadas. "Em momento algum a entidade que represento foi consultada a respeito".
O presidente da Abravest disse que vai convocar uma reunião urgente e extraordinária com todas as empresas do setor filiadas à entidade, e também com representantes de 72 sindicatos que representam o setor em todo o País, para tratar da questão. "Vamos tomar uma posição que deverá ser firme e decisiva para que fatos como estes não voltem mais a se repetir", disse. Para ele, "é inadmissível que um setor que gera mais de 1,5 milhão de postos de trabalho e movimenta mais de R$ 21 bilhões por ano seja tratado desta maneira".
Em maio passado, o governo havia anunciado que pediria ao Mercosul a elevação da Tarifa Externa Comum (TEC) para confecções e calçados, como meio de compensar esses setores intensivos em mão-de-obra do impacto negativo da valorização do real frente ao dólar. Mas, segundo a reportagem, a pedido da Associação Brasileira da Indústria Têxtil (Abit), incluiu na solicitação tecidos e tapetes. Para a opinião pública, o governo alegou que a iniciativa atendia a um pedido da Argentina. "Aconteceu também uma reunião entre representantes da Abit e da Federação das Indústrias Têxteis Argentina (TIFA) que ‘trabalharam a lista’, deixando completamente de lado importantes entidades representativas dos outros setores da cadeia têxtil", afirmou Chadad.