As vendas em shopping centers no Brasil devem crescer entre 5,5% e 6% em termos nominais em 2018, conforme previsão da Associação Brasileira de Shopping Centers (Abrasce). A expectativa é de uma expansão parecida com o de 2017, ano em que o setor cresceu 6,2%.
Apesar de comemorado pela entidade, o desempenho dos shoppings em 2017 ficou aquém das expectativas da própria Abrasce. A associação estimava que as vendas aumentariam 7%.
“O mês de dezembro foi um pouco aquém do esperado, não entendemos ainda a razão, mas foi um mês em que a confiança dos consumidores foi pior”, comentou o presidente da Abrasce, Glauco Humai.
Para 2018, a expectativa do executivo é de um bom desempenho de vendas, sobretudo no primeiro semestre. Já o segundo semestre tende a ser um pouco mais afetado por eventuais impactos negativos da disputa eleitoral na confiança.
“Se a confiança em geral não estiver muito boa durante as eleições, o consumidor pode esperar passar o período eleitoral para tomar decisões de compra”, comentou Humai.
O ânimo para as vendas ainda não justifica, no entanto, expectativas mais otimistas para investimentos em novos shoppings.
A Abrasce afirma que há 23 shoppings com previsão de serem inaugurados este ano, mas o número pode sofrer ajustes, a depender do ambiente econômico. Embora o número de novos shoppings seja maior que o total de 12 inaugurações de 2017, a Abrasce acredita que 2018 ainda é um ano para consolidação dos empreendimentos lançados nos últimos cinco anos.
“Houve quase 100 novos shoppings abertos nos últimos cinco anos, número elevado para um período conturbado da economia”, diz Humai. “O setor neste momento está preocupado em consolidar esses ativos existentes”, conclui.
Vacância
Após uma elevação na vacância em 2017, este ano ainda não deve trazer uma redução do número de lojas vazias nos shoppings. Para o presidente da Abrasce, o cenário econômico ainda possivelmente conturbado em ano eleitoral deve impedir uma recuperação.
No ano passado, os shoppings ficaram em média com uma vacância de 5,7%, aumento em relação ao índice de 5% verificado em 2016, conforme os dados da Abrasce. Para 2018, a previsão ainda é de vacância entre 5,5% a 6%.
“Não vai ser um ano para se reduzir drasticamente a vacância, mas, dentro de um cenário que ainda pode ser conturbado, essa expectativa é boa”, disse Humai durante encontro com jornalistas em São Paulo.
O executivo considerou que há maior ânimo dos lojistas para expansão de suas redes de lojas, mas considerou que, ainda assim, muitos dos novos shoppings sendo inaugurados abrem com uma ocupação menor do que o habitual para o setor. “No passado, um shopping inaugurava com 80% dos espaços ocupados, mas hoje esse número chega a 60%”, afirmou o presidente da Abrasce.
O cenário é melhor, no entanto, para os shoppings considerados consolidados. Esses empreendimentos com mais de cinco anos de funcionamento tendem a se beneficiar do maior otimismo dos consumidores e lojistas em 2018.
Para a Abrasce, os shoppings consolidados devem conseguir reduzir os níveis de descontos em aluguéis. Esses descontos vinham sendo concedidos desde o início da crise, em 2015, como forma de conter a vacância e atravessar um período de vendas fracas. Agora, diz Humai, há uma recuperação das vendas dos lojistas, o que permite uma equiparação dos aluguéis pelos shoppings.
Fusões e aquisições
Um aumento no número de fusões e aquisições de shoppings é esperado para os próximos anos pela Abrasce, conforme afirmou Humai. A avaliação do executivo é que o setor está mais próximo de movimentos de fusões entre grupos de atuação regional, o que poderia se concretizar ainda em 2018, porém mais provavelmente em 2019.
“O setor nos últimos anos se tornou mais estruturado e profissionalizado, agora estamos mais próximos de ter mais fusões entre empresas, em especial porque existem ainda muitos grupos regionais que atuam em áreas diferentes, ou seja, cujas operações não tem sobreposição”, comentou Humai.
Além de fusões e aquisições, o presidente da Abrasce acredita que a melhoria no ambiente econômico deve voltar a permitir aberturas de capital de empresas de shopping. Entre as potenciais candidatas, está a Almeida Junior, que poderia ir a mercado ainda este ano, conforme informou a Coluna do Broadcast.
Outros possíveis nomes para uma oferta pública inicial de ações (IPO, na sigla em inglês) são a Tenco, a Saphyr e o braço comercial da JHSF, mas nestes casos é esperado que as empresas demorem ainda um pouco mais para ir à Bolsa.