O crescimento real de 10,7% nas vendas dos supermercados em agosto ante igual período do ano passado revela que o setor vem se favorecendo de um cenário positivo para emprego e renda e de uma desaceleração dos preços, de acordo com a Associação Brasileira de Supermercados (Abras). O desempenho fez com que a entidade elevasse de 3,5% para 4% a perspectiva de expansão nas vendas deste ano.

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O economista da Abras, Flávio Tayra, destaca que os meses de agosto e setembro do ano passado foram de forte pressão de alta nos preços dos itens de supermercados. A Cesta Abrasmercado, que analisa 35 produtos mais consumidos no setor, apresentou queda de 0,16% em agosto na comparação com julho deste ano. Em agosto de 2012, o índice apontava alta de 0,96%.

Tayra destacou que é o terceiro mês consecutivo de deflação na cesta analisada pela Abras, em parceria com a Gfk. De acordo com ele, o efeito garante um desempenho positivo para o ano. “Ainda que ocorra inflação no segundo semestre, saindo dessa dinâmica de deflação que ocorre há três meses, teremos índices civilizados de preços nos supermercados, próximos do IPCA cheio.”

O economista ainda afirmou que o setor sentiu o efeito positivo do cenário de emprego que o IBGE mostrou mais cedo. A taxa de desemprego apurada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nas seis principais regiões metropolitanas do País ficou em 5,3% em agosto, ante 5,6% em julho e 6% em junho deste ano. O resultado ficou no piso das estimativas dos analistas ouvidos pelo AE Projeções (5,40% a 5,80%).

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Câmbio

Para o vice-presidente da Abras, João Sanzovo Neto, o câmbio mais favorável motiva as perspectivas mais positivas neste segundo semestre do que no primeiro. Ele avaliou que a redução recente da desvalorização do real ante o dólar alivia em parte a preocupação com alta de preços, embora seja difícil fazer previsões sobre o comportamento das moedas. “O cenário em junho não parecia nada bom principalmente porque o dólar agravou a percepção econômica”, comentou. Ele mencionou que a decisão do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) de manter estímulos à economia dos EUA “tirou do cenário um fator que tornava nossas previsões um pouco mais tenebrosas”.

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De acordo com Sanzovo Neto, pesquisas internas da Abras revelam otimismo dos supermercadistas para as vendas de final de ano. “Acreditamos que pode ser um dezembro melhor do que o do ano passado.”

A entidade trabalha numa pesquisa com associados para determinar como está a recomposição de estoques para as vendas de Natal e ano-novo e qual deve ser o impacto do câmbio nos preços de produtos importados. Tayra, porém, destaca que acredita que o efeito é pequeno. “Apenas cerca de 3% dos produtos do setor é importado”, lembra.