As vendas da indústria de materiais de construção devem acelerar em 2014, atingindo uma alta de 4,5%, de acordo com projeção divulgada nesta terça-feira, 21, pela Associação Brasileira da Indústria de Materiais de Construção (Abramat). Em 2013, o faturamento da indústria subiu 3,0% e totalizou R$ 137,5 bilhões. Os porcentuais citados já são deflacionados.
O faturamento de 2013 é o maior já registrado pelo setor. No entanto, a alta ficou abaixo do previsto. No começo do ano passado, a Abramat estimava elevação de 4,5% nas vendas anuais, mas os números mais fracos mês a mês levaram a uma revisão da projeção em agosto para 4,0%.
“O ano foi bom, tivemos recorde de faturamento”, avaliou Walter Cover, presidente da Abramat. “É um pouco frustrante não chegar ao resultado imaginado, mas na comparação com outros setores da economia, nosso crescimento não foi ruim”, completou, durante entrevista ao Broadcast, serviço em tempo real da Agência Estado.
O fraco desempenho das vendas de dezembro contribuiu para o resultado ficar abaixo do previsto. A comercialização de materiais em dezembro caiu 16,1% ante novembro e 6,1% ante o mesmo mês de 2012. As vendas no período costumam ser menores devido ao período de festas e ao menor ritmo de obras por causa das chuvas. A queda acentuada na comparação anual, porém, indica que o mês foi pior que o habitual. “Dezembro ficou fora da curva e ainda estamos tentando entender o que aconteceu. Provavelmente as varejistas e as construtoras usaram estoques e deixaram de comprar”, sugeriu Cover.
Setores
O varejo (responsável por metade das vendas da indústria de materiais de construção) permaneceu aquecido em 2013. No acumulado do ano, o varejo teve expansão de quase 6,0%. O bom desempenho se deve ao forte consumo de materiais pelas famílias para reformas e ampliações em suas casas. Cover observou que as boas condições de renda, emprego e crédito garantiram a demanda desses consumidores. “Esses três fatores tiveram incremento ou se mantiveram firmes em 2013”, observou.
A decepção, segundo o executivo, veio das áreas de infraestrutura e imobiliário. O setor de infraestrutura (responsável por 22% das vendas da indústria) cresceu menos de 1,0% devido ao ritmo lento das obras públicas. Já o segmento imobiliário (28% das vendas) cresceu cerca de 1,5% devido a uma “parada” das incorporadoras, que estavam encerrando um ciclo de obras, mas ainda não haviam recomeçado outro.
Reflexo disso é que as vendas de materiais de acabamento (pisos, azulejos, metais sanitários, entre outros) cresceram 6,2% em 2013, enquanto os materiais de base, usados principalmente nos primeiros meses da obra (cimento, areia, vidro, entre outros), avançaram apenas 1,2%.
Vale lembrar que o crescimento das vendas totais da indústria ficaram abaixo do esperado mesmo com a ajuda da valorização do dólar frente ao real, que limitou as importações de materiais. “O câmbio teve efeito positivo porque freou a importação, principalmente de itens de baixa qualidade vindos de fora”, disse Cover, citando porcelanatos e materiais elétricos com origem na Ásia.
Para 2014, Cover explicou que a projeção de crescimento de 4,5% nas vendas da indústria será puxada novamente pelo varejo, que deverá avançar entre 6,0% e 7,0%. O executivo acredita que renda e emprego da população podem desacelerar, mas a demanda será mantida pela disponibilidade de crédito pelos bancos públicos.
Além disso, a Abramat espera alta de 3,0% em infraestrutura, refletindo o início de obras referentes às concessões já realizadas de rodovias e aeroportos, além de alta de 3,0% no segmento imobiliário, com aumento no volume de construções residenciais e comerciais.