Os indicadores de produção e vendas domésticas da indústria química brasileira apresentaram recuperação em abril, após um março de retrações. A produção cresceu 2,55% em abril, em relação ao mesmo período do ano passado, após cair 2,47% em março na comparação anualizada. Já as vendas domésticas foram ampliadas em 3,69% em abril, após retração de 3,42% em março. Os dados referentes ao mês de abril, divulgados nesta quarta-feira pela Associação Brasileira da Indústria Química (Abiquim), são preliminares.
Embora os números do mês passado sinalizem recuperação da indústria química nacional, os dados do setor no acumulado do primeiro quadrimestre apontam tendência negativa. A produção brasileira de químicos encolheu 1,29% na comparação com os quatro primeiros meses do ano passado. Já as vendas internas diminuíram 0,61%.
O ritmo das vendas, dessa forma, não tem acompanhado o aumento da demanda doméstica por químicos, alerta a Abiquim. Entre janeiro e abril, o consumo aparente nacional (CAN), medido pela soma da produção e das importações, descontado o volume exportado, apresentou alta de 7,1%.
“Como vem ocorrendo há algum tempo, mais uma vez, a indústria química nacional perde espaço para o produto importado. O volume de importações dos produtos amostrados no RAC teve elevação de 29,4% nos primeiros quatro meses do ano, sobre igual período do ano anterior”, destacou a Abiquim no Relatório de Acompanhamento Conjuntural (RAC) divulgado nesta quarta. As exportações, por outro lado, encolheram 6,6% no quadrimestre.
A perda de competitividade da indústria nacional também pode ser medida pela taxa de utilização de capacidade das fabricantes de produtos químicos instaladas no Brasil. O indicador encerrou o primeiro quadrimestre em 82%, dois pontos porcentuais abaixo do acumulado nos quatro primeiros meses do ano passado. Executivos do setor defendem que a taxa de utilização da indústria química deve girar ao redor de 90% para garantir maior competitividade em termos de concorrência global.
Mão de obra
A Abiquim também divulgou nesta quarta-feira um estudo sobre o custo da mão de obra no segmento de produtos químicos de uso industrial, ou seja, insumos vendidos para outras indústrias. O levantamento, que tem sido realizado anualmente desde 1995, aponta que o custo total da mão de obra (CTMO) no setor é mais do que o dobro do salário médio pago no Brasil.
O CTMO médio mensal por empregado ficou em R$ 11.348, alta de 6,7% em relação a 2011. Na mesma comparação, o salário pago por empregado ficou em R$ 5.780 em 2012, alta de 9,6% em igual comparação.
A maior parte das despesas, em um total de 51% do CTMO, é referente ao próprio pagamento dos salários. Outros 16% estão relacionados a demais pagamentos feitos em dinheiro (férias, participação nos lucros, etc). Os encargos sociais pagos ao governo responderam por 22% do total e os benefícios, por 11%.
A pesquisa divulgada nesta quarta abrange aproximadamente 40% do universo total de pessoas ocupadas no segmento de produtos químicos de uso industrial, estimado em aproximadamente 120 mil pessoas. E, dentro do universo de empresas pesquisadas, o CTMO equivale a um intervalo entre 10% e 12% do faturamento líquido.