O déficit da balança comercial da indústria química está em tendência de queda neste ano, reflexo da desaceleração econômica e consequente redução nas importações. Dados da Associação Brasileira da Indústria Química (Abiquim) apontam que o saldo negativo somou US$ 17,3 bilhões entre janeiro e agosto, o que representa uma queda de 15,1% em relação ao mesmo período do ano passado.

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A redução é explicada pelo encolhimento de 13% nas importações, a um total de US$ 25,9 bilhões. As exportações, por sua vez, somaram US$ 8,7 bilhões, queda de 8,7% em igual base comparativa. A retração das compras externas em um ritmo mais acelerado do que as exportações também é reflexo do câmbio mais favorável ao produtor nacional na disputa com fabricantes estrangeiros.

Os números da Abiquim mostram que o ritmo das importações desacelerou em agosto, mês em que o dólar se manteve em patamares mais elevados. As compras externas movimentaram US$ 3,2 bilhões, queda de 26,9% sobre o mesmo período de 2014. Já as exportações totalizaram US$ 1,1 bilhão em agosto, retração de 11,1% em igual base comparativa. Em relação ao mês de julho, as importações encolheram 19,9%, contra uma queda de 17,4% das exportações.

“Está claro que o cenário econômico instável e que os elevados níveis de preços dos produtos químicos importados foram decisivos para a retração do déficit setorial e, até o final do ano, a forte desaceleração do real frente ao dólar e os reflexos de novas medidas de ajustes fiscais deverão impactar ainda mais os indicadores do fluxo do comércio exterior brasileiro de produtos químicos”, destacou em nota a diretora de Assuntos de Comércio Exterior da Abiquim, Denise Naranjo.

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Nos últimos 12 meses, entre setembro de 2014 e agosto deste ano, o déficit comercial da indústria química alcançou US$ 28,1 bilhões, redução de 9,8% sobre igual período do ano passado. O número também é inferior ao déficit de US$ 31,2 bilhões acumulado em 2014.

Apesar da redução do déficit comercial, a indústria química enfrenta um período de preocupação crescente, consequência da decisão do governo federal de eliminar alguns incentivos à indústria. No caso específico do setor químico, o governo anunciou no início desta semana a intenção de finalizar o benefício tributário previsto no âmbito do Regime Especial da Indústria Química (ReiQ). Além disso, o governo anunciou que o benefício do Regime Especial de Reintegração de Valores Tributários para as Empresas Exportadoras (Reintegra), válido para todos os exportadores, será reduzido dos atuais 1% para 0,1% em 2016.

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As medidas foram criticadas pelo presidente executivo da Abiquim, Fernando Figueiredo. Com um déficit ainda próximo de US$ 30 bilhões por ano, o setor vê o pacote anunciado pelo governo federal como um entrave à concorrência externa. “Mais uma vez atacamos gravemente a competitividade da indústria brasileira de modo geral e, em especial, da indústria química”, afirmou Figueiredo em entrevista à reportagem na última segunda-feira.