A passagem da China para o segundo lugar no ranking dos países que mais vendem para o Brasil, em setembro, acionou o sinal amarelo no setor da indústria de máquinas. A Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq) vai apresentar ao governo federal, nas próximas duas semanas, um projeto de comércio exterior específico para a defesa do setor. De acordo com o vice-presidente da entidade, Fernando Bueno, o principal tópico é o estabelecimento de um preço médio por quilo de máquinas e equipamentos importados pelo País.
A medida, de acordo com o executivo, é aceita pela Organização Mundial do Comércio (OMC) e já é adotada por alguns setores, como o de brinquedos, há mais de cinco anos. A indústria do aço, de acordo com ele, já começou a recorrer a essa iniciativa desde a semana passada. Na avaliação de Bueno, o preço médio mundial para a importação de máquinas e equipamentos é de US$ 25 por quilo, enquanto o preço médio das importações da China para esses produtos é de apenas US$ 4. “Nós queremos que qualquer importação de máquinas e equipamentos, fora do preço médio, seja punida pelo governo”, afirma o vice-presidente da Abimaq, acrescentando que seria ineficaz apenas estabelecer tarifas sobre importação. Para o executivo, a solução seria a fixação de um preço médio por quilo de produto que entra no País.
De acordo com Bueno, a expectativa da Abimaq é de que com essa medida em vigor, os resultados devem começar a aparecer após seis meses. A associação tem uma lista de 1.500 produtos e seus respectivos preços médios, mas deverá incluir apenas 150 na reivindicação ao governo.
“A situação é muito grave”, afirmou. “Se estamos perdendo competitividade para produtos básicos, imagine quando competirmos com a importação de automóveis.” Para ele, não é só o setor de máquinas e equipamentos que está perdendo competitividade para produtos importados, especialmente da Ásia. “Até a água de coco que tomamos aqui vem da Malásia. Quando vamos acordar? Quando estivermos importando pagodeiros?”, questionou.
Segundo ele, o Brasil não vai chegar até o final de 2011 sem uma crise cambial. “Precisamos adotar medidas estruturais. Todo mundo controla a sua moeda”, afirmou o executivo, reforçando que os Estados Unidos estão, para pagar a sua dívida, emitindo dólares e exportando inflação para o resto do mundo. “Estamos em uma guerra cambial e ponto”, afirmou Bueno, dizendo ter consciência de que, se não forem adotadas medidas estruturais por parte do governo diante do quadro cambial no mundo, as soluções que a Abimaq apresentará em duas semanas serão paliativas. De acordo com ele, as medidas sugeridas pela Abimaq são úteis para garantir algum tempo para o setor, que registra queda no seu faturamento desde maio.