Abimaq avalia que ‘setor já bateu no fundo do poço’

A queda de 16% no faturamento da indústria brasileira de máquinas no acumulado do ano até setembro, na comparação com o mesmo período de 2013, aponta para mais um ano de queda nos lucros do setor de bens de capital, que já haviam caído em 2013 ante 2012. A avaliação é da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq). Segundo a entidade, a relativa estabilidade dos resultados em agosto/julho e a pequena melhora em setembro/agosto (6,4%) podem indicar que o setor “já bateu no fundo do poço”.

Em relatório para apresentar os resultados, a associação destaca que, neste ano, os preços de máquinas e equipamentos passaram a crescer menos do que a variação de custos, reduzindo ainda mais as margens do setor. “O IPP (Índice de Preços ao Produtor) acumulado em 2014 é de -0,3%, contra +4,6% do IPCA”, afirma. A Abimaq destaca que a apreciação do real nos últimos meses e um mercado “anêmico” ajudam a explicar o comportamento do preço. A entidade pondera que a depreciação cambial de setembro e outubro ainda não teve efeito no mercado.

A associação ressalta que o resultado do mês só não foi pior em razão das exportações, que totalizaram US$ 1,087 bilhão em setembro, alta de 7,9% ante setembro de 2013 e de 13,3% no acumulado do ano, embora sejam 5,4% inferiores às registradas em agosto. O destaque negativo ficou para o setor de infraestrutura e indústria de base, cujo peso é de 22,7% na exportação da indústria de bens de capital mecânicos, que reduziu suas exportações em 3,6% no mês, embora tenha crescido 36,9% no acumulado do ano.

O maior recuo nas exportações em porcentual absoluto, contudo, ocorreu no segmento de máquinas para petróleo e energia renovável (cuja participação é de 10,2%). Houve baixa de 51,4% em setembro ante agosto, apesar de ainda ser responsável pela maior alta, de 75,1%, no acumulado do ano. “Isso mostra que o marketing feito durante a campanha eleitoral, da Petrobras, é uma fantasia”, afirmou o presidente executivo da Abimaq, José Velloso. De acordo com ele, isso revela que tudo que está sendo investido nessa área no Brasil é importado.

A fala dele é comprovada pelo resultado das importações, que somaram US$ 2,389 bilhões em setembro, o que significa alta de 6,1% em relação a agosto e queda de 6,3% na comparação com o mesmo mês do ano passado e de 10,2% no acumulado de 2014. De janeiro a setembro, quase todos os grupos setoriais tiveram queda, com exceção do de máquinas petróleo e energia renovável, que apresentou crescimento de 15,2%. Na variação mensal, as importações do segmento cresceram 449,9%.

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