Para manter os benefícios da conta de luz a “qualquer custo”, o governo vai sacrificar os geradores de energia elétrica, na avaliação do presidente da Associação Brasileira dos Investidores em Autoprodução de Energia (Abiape), Mario Menel. De acordo com ele, medidas que mudam as regras durante o jogo também podem interromper a chegada dos tão esperados investimentos no País.

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“Os geradores acabaram tendo que pagar uma parcela do rateio de custo que é totalmente indesejada. Isso vai encarecer a energia”, comentou. Menel lembrou que as empresas que já fizeram vendas de longo prazo, com contratos de 10 anos, por exemplo, não previram esse custo extra e acabarão tendo de absorver esse valor. “Agora, não tenho mais como transferir (o aumento do custo). O que vai acontecer é que vai sair da nossa margem (de lucro)”, considerou.

Outro problema, de acordo com Menel, é que o cálculo da Taxa Interna de Retorno (TIR) ficou obsoleta depois das mudanças de hoje. É que o governo decidiu que o custo do uso de energia proveniente de termelétricas em momentos emergenciais passará a ser repartido a partir de agora. Até então, ele ficava a cargo das distribuidoras, que repassavam os valores para as tarifas dos consumidores. Agora, 50% desse custo ficará com o agente que estiver exposto no mercado de curto prazo. A outra metade será rateada entre os demais elos da cadeia: consumidores, produtores e comercializadores.

“A minha TIR era de tanto e agora não é mais. E não é por minha causa, é um risco regulatório”, disse o presidente da Abiape. A entidade ainda não decidiu se questionará as mudanças na Justiça. “A primeira coisa a fazer é conta. Sabemos que estamos com problemas, mas não sabemos de quanto ainda.” Para Menel, o governo deixou de lado a transparência ao adotar as novas regras, o que gera um grau de incerteza em relação aos investidores. “Aqui dentro a gente acha normal, mas o cara lá de fora fica preocupado”, considerou.

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