Abrir uma pequena empresa no Brasil exige não apenas recursos financeiros, mas uma boa dose de paciência. É o que revela a pesquisa ?Sebrae: Contribuição à Criação de Novas Micro e Pequenas Empresas?, realizada pelo Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas), em parceria com o Instituto Vox Populi. O estudo – uma espécie de ?raio-x? dos pequenos empreendimentos nascentes no país – traz dados bastante interessantes e revela o quão burocrático é o processo para abrir pequenos negócios.
No Paraná, todo o processo -desde a entrada nos papéis até o alvará de funcionamento do estabelecimento, passando pelas inscrições federal, estadual e municipal – leva, em média, 64 dias. O tempo está um pouco abaixo da média nacional, que é de 70 dias, mas acima da média da região sul (59 dias).
Na comparação com outros estados, o Paraná é o 11.º mais ágil neste tipo de operação, atrás do Amapá (42 dias), Rondônia (54 dias), Rio Grande do Sul (55 dias), Bahia e Mato Grosso (57 dias). Também os estados de Sergipe, Santa Catarina, Rio Grande do Norte, Acre, Paraíba estão à frente do Paraná quando o assunto é agilidade.
Já o Rio de Janeiro é o pior lugar, onde o prazo se arrasta até 101 dias, em média. Não ficam muito atrás o Piauí e o Distrito Federal (94 dias) e Goiás (86 dias). O resultado da pesquisa pode parecer estranho, sobretudo pela maior rapidez do Amapá, por exemplo, em relação a São Paulo. ?Isso acontece por causa da menor demanda por abertura de empresas em cidades nortistas, o que torna o processo mais rápido do que no centro financeiro do país, que apresenta uma gigantesca quantidade de processos?, afirmou o diretor do Vox Populi, João Francisco Vieira.
Na comparação entre regiões, o sul é o mais ágil. Em média, empresas localizadas nos três estados (PR, SC e RS) levam cerca de 59 dias para terem os processos de formalização concluídos. Já as empresas do centro-oeste (região mais demorada) levam, em média, vinte dias a mais do que no Sul.
Dificuldades
A pesquisa também levantou quais são as principais dificuldades dos novos empreendedores. Num primeiro momento, antes ainda da formalização da empresa, a burocracia (16,9%) e a falta de dinheiro (16,7%) foram os grandes vilões de quem estava querendo transformar o sonho empresarial em realidade, mas ainda não havia conseguido formalizar o empreendimento. Outros 6,3% apontaram a dificuldade de ?conquistar mercado e clientes?, enquanto 3,5% alegaram ?falta de informação? de como empreender.
O quadro também evidencia que cerca de 20% dos negócios pesquisados já existiam na informalidade. Destes informais, 30% afirmaram que decidiram se formalizar para ?legalizar a empresa ou cumprir a lei?. Outros 24% disseram que o motivo para registrar a empresa foi a necessidade de ?emitir nota fiscal?, enquanto 12% saíram da informalidade por ?exigência dos clientes, dos fornecedores ou dos contratos?.
O cenário quanto às principais dificuldades para empreender muda completamente no terceiro momento analisado pela pesquisa, isto é, nos seis meses após a formalização. O grande desafio agora é a ?conquista de mercados e clientes? (17,3%). E a ?falta de dinheiro? volta a ser uma grande preocupação (15,9%). Os problemas com ?impostos e taxas? vêm bem abaixo (4,1%).
Metodologia
Ao todo foram entrevistados 9.493 empreendedores de todo o país – sendo 544 no Paraná – para um universo de cerca de 952 mil empresas que se registraram na Junta Comercial entre 2004 e 2005. A pesquisa também utilizou como fonte a base de dados da Relação Anual de Informações Sociais (Rais), do Cadastro Central de Empresas do IBGE (Cempre) e da Secretaria da Receita Federal.
Homens e casados são a maioria
A maioria dos empreendedores nascentes formais é formada por homens (62%). A idade média para ambos os sexos é de 36 anos e a maioria deles também é casada (62%), contra 27% que são solteiros. A renda familiar mensal é de R$ 4.376,31 e o agregado familiar é composto, em média, por três pessoas. Os dados também fazem parte da pesquisa Sebrae/Vox Populi.
A maior parte dos empreendedores nascentes (44%) tem curso médio, enquanto 37% apresentam diploma de nível superior. 57% dos entrevistados não têm curso técnico, contra 43% que o fizeram.
O tão alardeado mundo da internet ainda está chegando relativamente devagar no dia-a-dia dos micro e pequenos empreendimentos nascentes, quando se observa que menos da metade dos empresários (45%) possui e-mail.
Ramos
Dos empreendimentos nascentes, a maior parte atua em comércio (48%), seguido de serviços (32%) e indústria (20%). E para abrir negócios, a média de investimento inicial é de cerca de R$ 64 mil. No comparativo com dados regionais, observam-se grandes variações, como no centro-oeste, onde as micro e pequenas empresas mais investiram (R$ 73 mil). Em seguida vem o sul (R$ 65 mil) e o sudeste (R$ 63 mil). As empresas do nordeste (R$ 60 mil) e do norte (R$ 58 mil) registraram os menores volumes de investimento.
Quanto ao faturamento anual, a média nacional é de R$ 442.812,17. Na escala regional, percebe-se que as empresas do sudeste são as que mais faturam (R$ 499.637), seguido pelo sul (R$ 438.110) e o centro-oeste (R$ 435.184). As regiões norte e nordeste são as que menos faturam, com R$ 312 mil e R$ 318.999, respectivamente.
