O presidente da Associação Brasileira das Empresas Importadoras e Fabricantes de Veículos Automotores (Abeifa), Marcel Visconde, avalia que o principal problema do setor, e de grande parte do mercado de consumo no País, é a demanda retraída. “Não é um problema pontual, mas real; há uma onda de ceticismo mais aumentada do que queríamos. O Brasil ainda atrai capital, tem nível muito baixo de desemprego, mas o consumidor não acompanha”, disse Visconde.

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De acordo com o executivo, o problema de demanda ocorre inclusive em um cenário de oferta de crédito estabilizada por parte dos bancos e instituições financeiras. “Infelizmente, a demanda passa por momentos de euforia e de ressaca, como agora”, completou.

O desempenho do setor de veículos importados no primeiro quadrimestre de 2014, com 32.960 unidades importadas, apontou uma queda de 5,3% sobre o total de 34.815 veículos vendidos no País entre janeiro e abril de 2013. “A gente enfrentou um quadrimestre muito mais difícil do que imaginava, por causa, além da falta de demanda, do menor número de dias úteis com os feriados”, avaliou Visconde.

O resultado levou a Abeifa a apostar em uma estabilidade no mercado de importados em 2014 ante 2013, com pouco mais de 111 mil unidades comercializadas, ante as 120 mil unidades previstas no começo do ano. “O cenário no segundo semestre será atribulado e efervescente politicamente, o que gera uma certa vigília do consumidor”, explicou o presidente da Abeifa.

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Cotas

Após pouco mais de um mês na presidência da Abeifa, Visconde disse que a principal pauta com o governo da entidade – que agora incluiu importadoras que investem na construção de fábricas no Brasil – é lutar pela ampliação das cotas de veículos importados com o Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) sem a majoração de 30 pontos porcentuais. Pelas regras do Inovar-Auto, a maior cota para importadoras sem o IPI majorado é de 4,8 mil veículos por ano.

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“Não é uma afronta (ao governo), mas uma necessidade de conversar sobre o tema para atualização. A participação das importadoras no mercado brasileiro, hoje em 3%, chegou no máximo a 5% e para essa significância mercadológica não há necessidade de cotas”, disse Visconde, que exaltou outros aspectos do Inovar-Auto. “Foi um programa muito feliz ao substituir, no curto prazo, a importação por investimentos de novas fábricas”, avaliou.