Abef discute exportação de carne com a Rússia

Na tentativa de disputar o mercado russo de carnes em condições de igualdade com outros concorrentes, o gerente de Relações com o Mercado da Associação Brasileira dos Produtores e Exportadores de Frangos (Abef), Adriano Zerbini, fez uma apresentação a membros do Serviço Federal Veterinário e Fitossanitário da Rússia, na última quarta-feira, sobre os prejuízos do sistema de cotas adotado pelo país em relação às exportações brasileiras. Zerbini, que também representou a Associação Brasileira da Associação Brasileira dos Produtores e Exportadores de Carne Suína (Abipecs), integrou uma comitiva do Ministério da Agricultura em visita ao país.

No sistema de cotas adotado pela Rússia, o Brasil integra a rubrica “Outros”, na qual a cota era de 68 mil toneladas em 2008 e foi fixada em 35,4 mil toneladas em 2010.

O limite máximo da tarifa extracota passou de 65% em 2008 para 95% em 2009. Nesse sistema, exportadores como Estados Unidos e União Europeia levam vantagem, com a maior parte das cotas de importação russas, que se aproximam de 1 milhão de toneladas por ano, no total.

A Abef argumenta que, por essa razão, as exportações brasileiras de carne de frango para a Rússia caem ano após ano. No ano passado, não chegaram a 73 mil toneladas, apresentando uma queda de 54% em relação a 2008.

Além do sistema de cotas, outro fator que influenciou as vendas de frango à Rússia foi a crise de crédito que se instaurou na Rússia no ano passado, em virtude da crise financeira internacional.

“Defendemos a adoção do princípio de Nação Mais Favorecida (MFN, na sigla em inglês), da Organização Mundial de Comércio (OMC), que não favorece ninguém. O Brasil quer apenas disputar o fornecimento de carnes de frango e suína ao mercado russo em condições de igualdade”, disse Zerbini em nota encaminhada pela Abef.

Soja

O Brasil também negocia um acordo sanitário com a Rússia para exportar soja. As discussões estão sendo conduzidas pelo secretário de Defesa Agropecuária do Ministério da Agricultura, Inácio Kroetz, que está na Rússia.

Segundo o diretor-geral da Associação Nacional dos Exportadores de Cereais (Anec), Sérgio Mendes, as autoridades sanitárias russas dificultam a entrada de soja em grão devido à presença de duas pragas popularmente conhecidas como carrapicho e picão, típicas do continente americano.

“Esse é um problema comum nas lavouras de soja, seja no Brasil, na Argentina ou nos Estados Unidos. Não existe solução para isso”, explica. Mendes conta que, para contornar o problema, os russos estudam esmagar a soja nos portos, autorizando apenas o transporte de derivados pelo interior do país.

O tamanho do mercado russo de soja é relativamente pequeno. Segundo dados do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), o país esmagou apenas 1,5 milhão de toneladas do grão na última safra e consumiu pouco mais de 1,6 milhão de toneladas de farelo, mas a expectativa é de crescimento.

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