O presidente da Associação Brasileira dos Exportadores de Frangos (Abef), Francisco Turra, disse que as vendas do produto para a Arábia Saudita estão normais e não sofreram nenhum tipo de retaliação por parte dos importadores daquele país. Segundo nota divulgada hoje pela agência Dow Jones, citando uma reportagem de domingo do jornal Al Yaum, os produtores da Arábia Saudita pediram que o governo suspendesse as importações de carne de aves do Brasil e de outros fornecedores por prática de dumping. “Por conta do fuso horário não conseguimos ter uma resposta de nossa embaixada, mas falei com as empresas que mais exportam para o mercado saudita e fui informado que estava tudo sob controle até agora”, disse Turra, em entrevista à Agência Estado.
O presidente da Abef disse que, ao saber da notícia, entrou em contato com o presidente da Câmara de Comércio Árabe Brasileira, Salim Taufic Schahin, com quem tem uma reunião ainda hoje, para ter mais detalhes. Segundo Turra, Schahin disse que não existe nenhuma restrição ao produto brasileiro. “Não tem como o Brasil praticar dumping com esse nem com nenhum outro mercado. O Oriente Médio, aliás, foi uma das regiões onde o preço da carne de frango brasileira teve um reajuste nos últimos meses”, afirma Turra. De maio para junho deste ano, o preço médio da tonelada de carne de frango do Brasil aumentou 6,6%, para US$ 1.469,65.
A Arábia Saudita é, individualmente, um dos maiores consumidores do frango brasileiro. Dados da Abef indicam que entre janeiro e junho deste ano o país importou 231,15 mil toneladas de carne de frango do Brasil, volume que representa um crescimento de 33% em comparação com o mesmo período do ano passado. Os países do Oriente Médio importaram do Brasil no primeiro semestre do ano 654,15 mil toneladas, 17,11% a mais do que os seis primeiros meses do ano passado. No período, o Brasil exportou ao todo 1,8 milhão de toneladas.
Essa não é a primeira vez que especulações sobre a prática de dumping por parte do Brasil circulam no mercado. Segundo Turra, em março deste ano um movimento semelhante chegou a ser divulgado no mercado, mas que se mostrou sem fundamento, diante da manutenção das exportações brasileiras para a Arábia Saudita. “Pode ser que a ideia de dumping esteja seja plantada por alguém que tenha interesse que o Brasil reduza sua participação no mercado saudita”, disse Turra.
O presidente da Abef lembra, no entanto, que o Brasil já foi comunicado de que a legislação saudita para importação de carne de frango vai mudar. Por conta disso, o secretário de Defesa Agropecuária do Brasil, Inácio Kroetz, pretende realizar em outubro uma missão ao país para ter mais detalhes sobre essas mudanças. “O secretário já tranquilizou o setor dizendo que as mudanças não serão tão significativas para o Brasil. O que provavelmente teremos que ajustar é a ração, que precisará estar adequada ao sistema halal”, disse Turra, referindo-se à produção de acordo com as leis islâmicas.