A possibilidade de aumento das taxas de juros no crédito imobiliário e o possível repasse de uma Selic maior ficou para trás, segundo o presidente da Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip), Octavio de Lazari Junior. “Havia uma preocupação de que, com a Selic saindo de 7% para 11%, poderia ocorrer um repique na taxa. Em um cenário de estresse, estimei que a taxa no crédito imobiliário aumentaria 0,5 ponto porcentual ao ano. Em alguns bancos nem isso aumentou”, disse ele, nesta quinta-feira, 24.

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A chance de aumento das taxas no crédito imobiliário, conforme o presidente da Abecip, com a manutenção da Selic em 11% ao menos neste ano “tende a zero”. “Não vejo nenhuma perspectiva. O Banco do Brasil e a Caixa ajustaram um pouco, pois estavam fora da curva, com um preço bem abaixo do mercado”, acrescentou Lazari Junior.

Letra financeira

A Letra Financeira Imobiliária (LFI), conhecida como covered bond no mercado europeu, deve ser finalizada até dezembro e lançada no primeiro trimestre de 2015, segundo o presidente da Abecip. Os aspectos jurídicos do novo papel já foram concluídos e, de acordo com ele, faltam ser definidas apenas questões comerciais e fiscais.

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“Já tivemos várias reuniões e as discussões para a criação da LFI estão caminhando bem. Queremos lançar o papel em 2015 e fazer um balão de ensaio para medir o apelo da LFI no Brasil”, afirmou Lazari Junior, nesta quinta-feira, 24.

Segundo ele, participam das discussões para a criação da LFI no Brasil, além da Abecip, o Banco Central (BC), Ministério da Fazenda e a Comissão de Valores Mobiliários (CVM). Lazari Junior admitiu, contudo, que num cenário de Selic elevada, no patamar de 11%, é difícil colocar um papel novo no mercado. Por isso, o objetivo é, de acordo com ele, testar o novo instrumento de funding com um empreendimento grande.

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Fiscal

Na esfera fiscal, falta estabelecer, conforme o presidente da Abecip, o alcance dos benefícios de isenção. A pessoa física local será incluída na esteira de papéis como LCI e LCA, mas ainda não está decidido se o investidor estrangeiro também terá o benefício. “Estamos discutindo com a Fazenda e o BC. É importante que haja isenção fiscal para o investidor estrangeiro pessoa física para atrair capital produtivo e não especulativo e que vai ajudar a financiar empreendimentos no Brasil”, avaliou o presidente da Abecip.

As letras financeiras imobiliárias estão em discussão no governo desde 2011 a partir de uma demanda dos bancos que temiam a falta de recursos para financiar o crédito imobiliário. Na prática, o novo instrumento é um Certificado de Depósitos Bancários (CDB) com um adicional de ter a garantia de um ativo imobiliário além da garantia do banco emissor.

O presidente da Abecip disse, porém, que até o final de 2015 e ainda no primeiro semestre de 2016 há recursos suficientes para financiar o crédito imobiliário no Brasil. O saldo da poupança alcançou R$ 490 bilhões ao final de junho. Há ainda, conforme o presidente da Abecip, fontes alternativas como letras de crédito imobiliário (LCI) e de certificado de recebíveis imobiliários (CRI) que, somados, alcançaram R$ 170 bilhões ao final de junho de 2014.

“Temos uma tranquilidade que não tínhamos há dois anos. Mas, mesmo assim, estamos trabalhando para lançar a letra financeira imobiliária”, disse ele.