O cenário para o setor aéreo em 2015 ainda é considerado incerto, tendo em vista o ambiente político e econômico de transição. Com isso, as companhias aéreas dizem que vão manter a disciplina de oferta e buscar maior eficiência técnica, e, do lado da demanda, esperam conseguir manter o mesmo ritmo de crescimento observado em 2014, já menor que em anos anteriores.
De acordo com dados divulgados na manhã desta quarta-feira, 28, pela Associação Brasileira das Empresas Aéreas (Abear), a demanda por transporte aéreo doméstico registrou uma expansão de 5,7% no ano passado, abaixo dos 6,5% em 2013 e dos 7% de 2012. “Acreditamos que vamos garantir número igual neste ano e procuraremos trabalhar para avançar”, disse o presidente da entidade, Eduardo Sanovicz.
De acordo com ele, o desempenho estará associado aos resultados das medidas econômicas tomadas pelo governo e ao movimento de passageiros que viajam a negócios. “Temos um novo comando econômico no País, que está colocando uma série de medidas novas, que em algum volume vão gerar impacto em sua implementação tanto no mundo corporativo como no lazer”, disse.
Em 2014, o desempenho do segmento corporativo foi o principal responsável pela desaceleração observada, em especial por conta da queda das viagens durante a Copa e as eleições. Segundo Sanovicz, as empresas devem “disputar, tentar resgatar, para fazer andar tráfego corporativo”. Para ele, em 90 a 120 dias, será possível avaliar melhor o desempenho. No final do ano passado, o presidente da Gol, Paulo Kakinoff, já havia sinalizado com a expectativa de uma retomada do movimento corporativo até o início de 2015.
Sanovicz evitou, porém, comentar se esse movimento deve se refletir em queda de tarifas, tendo em vista também a recente queda dos custos do combustível. O querosene de aviação, derivado do petróleo, commodity que já teve seu preço internacional reduzido em mais de 50%, responde por mais de 40% dos custos das aéreas brasileiras.
O presidente da Abear salientou que a queda do preço do petróleo não refletiu imediatamente e diretamente o preço do QAV no Brasil, já que o reajuste ocorre com defasagem e seu efeito chega mitigado, em especial pelo efeitos cambiais. “Até o momento não vimos esse volume de queda, já há alguma queda no preço, mas não chega nem próximo desses valores (do preço internacional do petróleo)”. De acordo com ele, esse efeito deve ser visto ao longo dos próximos meses e integralmente observado até o final do primeiro semestre.