O pedido de demissão do presidente da Petrobras, Pedro Parente, é o desfecho do episódio da greve dos caminhoneiros, que já vinha minando a percepção de independência da empresa frente ao governo, conquistada na administração atual, avaliou o economista-chefe do Banco ABC Brasil, Luis Otávio de Souza Leal.

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“Todo esse episódio da greve dos caminhoneiros foi minando essa percepção de que a Petrobras tinha adquirido eficiência corporativa, com política independente de preços, mostrando independência em relação ao governo, e de que as estatais estavam melhorando a governança corporativa. E a saída do Parente é o desfecho dessa história.”

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A percepção do mercado, diz Souza Leal, é que Parente percebeu que ele não teria condições de comandar a empresa sem ingerência política, dado que ele só entrou porque teria independência.

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“Vossa excelência me concedeu autonomia necessária quando me convidou para ser presidente”, disse Parente em sua carta de demissão endereçada ao presidente Michel Temer.

Eleições e economia

Agora, afirma Leal, as ações da Petrobras devem dar o tom da reação de todo mercado, como deverá ser vista no câmbio e no Risco País. Ao retomar os negócios, que foram suspensos com a notícia da demissão, as ações PN da empresas mostraram queda de mais de 19%, mas logo entraram em leilão novamente.

Sobre a atividade econômica, o analista afirma que o principal impacto negativo de toda essa crise é nas expectativas dos agentes econômicos, pois, segundo ele, a reação da população mostra que o discurso reformista perdeu espaço, aumentando as incertezas sobre o resultado das eleições. “Com mais incerteza, a desaceleração da indústria e dos investimentos observada no PIB do 1º trimestre vai ganhar força ao longo do ano.”

Depois do PIB do primeiro trimestre, que subiu 0,4%, o economista reduziu sua projeção do PIB de 2018 de 2,2% para 2,0%, mas admite viés de baixa. “A projeção de 2% está começando a parecer teto. O mercado deve convergir para um consenso entre 1,5% e 2,0%.”