O economista-chefe do Banco ABC Brasil, Luis Otávio Souza Leal, elogiou a ampliação da área geográfica da coleta do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), anunciada na manhã terça-feira, 27, mas admitiu que a tarefa dos analistas de projetar a inflação será mais difícil. “A mudança foi boa porque retratará a situação com mais fidelidade, mas os analistas também devem errar mais”, afirmou, explicando que, como os economistas têm poucas informações das regiões incluídas, os cálculos podem ficar sujeitos a “eventuais surpresas regionais”.
Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em janeiro de 2014, serão incluídas nos cálculos do IPCA e do Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) a região metropolitana de Vitória (ES) e a capital Campo Grande (MS). Com a inclusão das duas áreas, perdem peso no cálculo dos índices para o Brasil as regiões metropolitanas de São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte. Com a entrada de Campo Grande no Centro-Oeste, também terão redução na participação relativa Goiânia e Brasília.
No IPCA, o peso de São Paulo no índice nacional passará de 31,68% para 30,67%. O peso do Rio de Janeiro sairá de 12,46% para 12,06% e o de Belo Horizonte cairá de 11,23% para 10,86%. Também cairão Brasília (de 3,46% para 2,80%) e Goiânia (de 4,44% para 3,59%). As demais áreas mantêm suas participações no cálculo nacional tanto do IPCA quanto do INPC.
Souza Leal considerou uma “falha” a alteração excluir o IPCA-15, mas não prevê um descolamento muito grande dos dois indicadores. “Tecnicamente, não faz sentido mudar um e não mudar outro. Mas, como sabemos que o IBGE preza pela tecnicidade, isso deve ter ocorrido por causa de restrições orçamentárias. De todo modo, não acho que o IPCA-15 vá perder seu apelo”, avaliou.