Abastecer com álcool já custa mais caro

O preço do álcool continua a subir. Em alguns postos onde, até ontem, o litro do combustível era vendido por R$1,49, hoje já se cobra R$1,69. Ou seja, R$ 0,20 a mais, um reajuste de 13,42%. A justificativa dada por muitos empresários é que esse aumento seria cíclico – vem dos usineiros (devido à entressafra) para as companhias, destas para os postos e, ?como conseqüência?, chega ao consumidor.  

No entanto, há controvérsias. Como explica o economista Sandro Silva, do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) do Paraná, muitas são as variáveis que influenciam no preço dos combustíveis: ?principalmente o álcool que não tem o controle efetivo do governo, pois depende da cotação da cana-de-açucar, do preço cobrado pelas usinas e pelos postos?.

Ele confirma que este aumento está relacionado ao fato deste ser o período de entressafra da cana-de-açucar. No entanto ressalta: ?o preço dos combustíveis em Curitiba estão em um patamar extremamente elevado desde outubro de 2006?. O principal motivo, segundo Silva, é ?o aumento significativo da margem de lucro praticada pelos postos de combustíveis?.

A explicação do economista – com a qual concorda o superintendente da Associação dos Produtores de Álcool e Açúcar do Paraná (Alcopar), Adriano Dias – está baseada no levantamento de preços da Agência Nacional do Petróleo (ANP). ?A margem normal (de lucro bruto) dos postos de combustíveis na gasolina em Curitiba é em torno de 10% sobre o valor do produto nas distribuidoras, mas nos últimos meses a margem está sendo superior a 15%, sendo que na semana dos dias 31/12 a 6/1/2007 foi de 16,12%?, expõe Silva. Sobre o álcool, segundo os dados da ANP, na semana entre os dias 31 de dezembro e o último dia 6, o preço médio repassado pelas distribuidoras é de R$1,275, por litro; o preço médio praticado nos postos de Curitiba era de R$1,502; seguindo a conta, a margem de lucro é de R$ 0,227, ou seja, 15,1%.

De acordo com o superintendente da Alcopar, quando a explicação para a alta no preço do combustível recai exclusivamente sobre o reajuste repassado pelos produtores, devido à entressafra, a informação não é verdadeira. Segundo Dias, basta acompanhar os indicadores da Universidade Federal do Paraná (UFPR) e do Departamento de Economia Rural (Deral), disponíveis no site da Alcopar. ?De 26 de dezembro até o último dia 5, o preço do álcool hidradato subiu de R$ 843,95 a R$ 896,91, considerando o metro cúbico (mil litros). Isto significa um reajuste de 6%. Se na usina subiu 6% e nos postos subiu mais de 10%, o lucro que eles estão tirando é um absurdo. É natural que toda produção, na entressafra, tende a aumentar o preço, é a lei de oferta e procura, mas trata-se de um reajuste normal e não absurdo como vem ocorrendo?, critica.

Como conclui Dias, tais repasses ao consumidor não aconteceriam se: ?Primeiro, as companhias, postos, mantivessem um estoque – ao contrário, eles acabam repondo duas ou três vezes na semana, para não carregar estoque porque tem custo; segundo, se a Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (Cide) fosse aplicada, entre outras finalidades previstas em lei, na criação de estoque pelo Governo, o que não ocorre até hoje, isso também não aconteceria?.

Gasolina

O economista do Dieese-PR ainda lembra que ?como o álcool faz parte da composição da gasolina, o aumento do álcool acaba acarretando um aumento do preço da gasolina – o que deve continuar?. Atualmente, mesmo o álcool sendo vendido a R$1,69, o litro, a gasolina pode ser encontrada a R$ 2,59. Portanto, para os automóveis flexíveis (Flex) ainda compensa o abastecimento com álcool, já que a diferença é de 65,2%. Considerando o consumo deste último combustível, compensaria optar pela gasolina apenas se essa diferença ultrapassar os 70%.

Lula inaugura terminal em Paranaguá

Os ministros Dilma Rousseff (Casa Civil) e Paulo Bernardo (Planejamento) visitaram na terça-feira, durante passagem por Paranaguá, o canteiro de obras do primeiro terminal público de álcool do Brasil. Segundo Bernardo, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva participará da inauguração da obra, prevista para fevereiro.

?O presidente Lula tem a intenção de estimular ao máximo a produção do etanol e tornar o Brasil um grande exportador deste combustível. O álcool é menos poluente, tem um componente grande de tecnologia nacional, emprega muita gente?, afirmou o ministro. ?Todos os portos do Brasil vão ter que desenvolver seus terminais de exportação de álcool. Nesse sentido, Paranaguá sai na frente?, completou.

O terminal paranaense terá sete tanques com capacidade de armazenamento de 35 milhões de litros e conseguirá descarregar todo o álcool armazenado para o navio e recarregar os tanques em 48 horas, o que significa que 15 navios de 35 milhões de litros cada poderão ser carregados por mês em Paranaguá.

O terminal está sendo erguido numa área de 64.903m²  e será ligado ao píer da Appa por meio de quatro quilômetros de dutos feitos de aço, instalados paralelamente à linha de embarque da Petrobras. As obras incluem, ainda, bacias de contenção, plataforma de carregamento, arruamento e pavimentação, casa de bombas e subestação.

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