Aos 93 anos, dos quais 76 deles dedicados ao Bradesco, Lázaro de Mello Brandão bate o ponto todo dia na sede do banco na Cidade de Deus, em Osasco. Chega às 7h30 e fica até um pouco mais de 5h da tarde.

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Com toda essa experiência, já viu praticamente de tudo. À frente de uma das maiores instituições financeiras do País, passou pelo período de hiperinflação do governo José Sarney, presenciou a abertura da economia e o impeachment de Fernando Collor de Mello e a estabilização da moeda. Exatamente por isso, pouca coisa o assusta no mercado financeiro.

Para ele, por exemplo, os bancos estão longe de estar na rota rumo à extinção, como muitos pregam. O avanço das fintechs, diz, é natural, mas não vai tirar o papel dos bancos. Mesmo assim, considera o futuro do setor incerto. “Há uma expectativa geral de como serão as incursões legítimas (de novos agentes)”, afirmou Brandão ao Estado na semana passada, quando recebeu uma homenagem da Associação Comercial de São Paulo (ACSP). “Mas certamente haverá um entrosamento e os bancos tradicionais vão absorver o que for mais inovador.”

De acordo com Brandão, é um movimento que está acontecendo rapidamente. “Essa mudança é decorrente das fases que o próprio mundo vive”, diz.

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Trajetória. Economista e administrador, Brandão assumiu a presidência do Bradesco em 1981, sucedendo ao banqueiro Amador Aguiar, fundador do Bradesco e morto em 1991. Deixou o cargo em 1999.

No início dos anos 1990, também passou a acumular a presidência do conselho de administração do banco. Saiu da função em 2017, função que passou a ser exercida por Luiz Carlos Trabuco Cappi. Trabuco passou a presidência executiva para Octávio De Lazari Júnior.

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Nascido em Itápolis (SP), Brandão começou como escriturário ainda na Casa Bancária Irmãos Almeida, em 1942. Um ano depois, a instituição foi comprada pelo Bradesco.

Mesmo fora do dia a dia, Brandão vai à Cidade de Deus de segunda à sexta. Em sua agenda estão as decisões dos conselhos de administração da Fundação Bradesco e da holding que controla as empresas do banco.

Acostumado a acompanhar as mudanças no poder e na economia, tem prestado atenção às negociações entre governo e Congresso para aprovação da reforma da Previdência, que considera vital para a retomada do crescimento do País. “O governo tem todas as condições para aprovar (a reforma)”, disse. “Ela trará a estabilidade que o Brasil tanto precisa.”

Segundo ele, a alta na economia este ano deve ser pequena. “O País vai crescer modestamente, mas voltará a crescer”, disse. “Já há uma confiança se restabelecendo, o
que cria uma força natural. Indiscutivelmente, o Brasil vai ter proeminência.”

Brandão diz que, agora, governo Jair Bolsonaro precisa preparar o terreno para dar saltos. “Uma vez aprovada a reforma da Previdência, o governo tem de criar condições e regras bem definidas em todas as áreas de atuação”, disse. Palavra de quem já viu de tudo.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.