Após passar a manhã desta terça-feira acima dos R$ 4, o dólar cedeu abaixo desse patamar à tarde, na contramão do movimento ante a maior parte dos emergentes. Capitaneou a direção do câmbio, sobretudo, a expectativa com os recursos do leilão do excedente da cessão onerosa, marcado para esta quarta. Apesar de otimista sobre o fluxo com o certame, o mercado busca se manter dentro do intervalo dos últimos dias e segura qualquer movimento de euforia. Segundo operadores, há ainda muitas dúvidas em torno do leilão. A moeda americana fechou em queda de 0,43%, aos R$ 3,9939.
Contou positivamente ainda para que o dólar terminasse o dia desvalorizado ante o real a divulgação do pacote de reformas que miram o gasto público e a estrutura administrativa do governo, apresentado pelo Ministério da Economia. A percepção é de que os textos foram construídos em conjunto com o Congresso e, por isso, podem ter menos dificuldades na tramitação.
Apesar de ser o principal responsável por puxar para baixo o dólar nos últimos dias, o leilão do excedente da cessão onerosa tem sido visto com cautela pelos investidores, que evitam movimentos mais bruscos em relação ao câmbio. Há dúvidas, por exemplo, em relação ao grau de interesse do certame, ao tamanho dos ágios pelos blocos oferecidos e, ainda, quanto desse recurso será estrangeiro.
Apesar de o pacote de poços de petróleo ser apontado como bilionário, com uma expectativa inicial de investimentos superiores a R$ 100 bilhões, o noticiário das últimas semanas apontou que há blocos com alto risco, o que pode diminuir o interesse dos investidores. Além disso, a desistência de duas grandes petroleiras – BP e Total – abalou a animação do mercado.
Por isso, para o diretor da Wagner Investimentos, José Faria Junior, o dólar tem se mantido próximo dos R$ 4. “Acredito que a cotação encontrou um equilíbrio, tem variado pouco, entre os R$ 3,96 e os R$ 4,03”, pontuou.
O diretor da Correparti, Jeferson Rugik, destacou que quarta, com o resultado do leilão, o mercado terá um movimento mais claro sobre o câmbio: “Sabe-se que pode vir fluxo forte, dependendo de quem ganha nesse leilão da cessão onerosa. Isso traz um movimento de desmonte de posição. Tem um prazo para internalizar (os recursos), mas o mercado antecipa. Dependendo de quem ganha, vão saber quanto vai entrar de estrangeiro”, disse, destacando que o movimento deve ser de queda, mas que o limite dos R$ 3,95 é uma barreira forte a ser rompida.
Junior, da Wagner Investimentos, pondera ainda que há fatores externos importantes que influenciam a cotação em direções opostas. Após maior apetite por risco no fim da semana passada, o dólar tem mostrado resistência globalmente, o que foi ajudado nesta terça por dúvidas, levantadas por Pequim, em relação ao acordo China/EUA. Ante uma cesta de moedas fortes, medidas pelo índice DXY, o dólar subia 0,46% no fim da tarde. Frente a emergentes, subia majoritariamente, com exceção do rand sul africano.