economia

80% cortam o orçamento contra crise

Além de buscar fontes alternativas de renda fazendo bicos, oito em cada dez brasileiros realizaram cortes no orçamento no primeiro semestre deste ano para driblar a crise, revela um estudo do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL). As maiores reduções de gastos ocorreram nas refeições fora de casa, no consumo de artigos de vestuário, de itens que não são de primeira necessidade nos supermercados, como carnes nobres, congelados, bebidas e iogurtes, e gastos com lazer.

A economista-chefe do SPC Brasil, Marcela Kawauti, ressalta que ajuste do orçamento doméstico foi além do corte de gastos e da busca de receitas. Entre o primeiro semestre de 2017 e o mesmo período deste ano, aumentou a parcela de brasileiros que precisou vender algum bem para conseguir dinheiro. Mesmo assim, cresceu a fatia dos que ficaram inadimplentes. Segundo a Serasa Experian, birô de análise de crédito, havia em junho 61,8 milhões de consumidores inadimplentes no País.

Buscar bicos e cortar gastos, esses dois movimentos juntos mostram que o quadro para as finanças pessoais piorou neste ano. Marcela lembra que a taxa básica de juros está no menor nível da história, mas ela não recuou para o consumidor na mesma proporção. A inflação também está bem comportada. No entanto, as pessoas reclamam dos preços, pois tiveram queda na renda em razão do desemprego elevado que persiste.

“O desemprego elevado leva as pessoas a procurarem mais bicos”, diz Marcela. E como essa renda é incerta e menor do que a formal, a inadimplência cresce, explica. A economista ressalta que tudo é consequência da economia fraca.

Produtividade. O avanço da informalidade como fonte renda é uma saída para as pessoas pagarem as contas, mas compromete a retomada sustentável da economia a médio prazo, alerta a economista. “A informalidade reduz a produtividade.” As pessoas com renda informal, geralmente menor do que a formal, não se sentem confiantes para consumir itens de maior valor, normalmente financiados. Também diante do recuo do consumo, empresários adiam investimentos e contratações. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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