Dois anos seguidos de recessão mudaram a forma de o brasileiro consumir itens de alimentação, higiene e limpeza. Em 2016, 42% das famílias trocaram marcas caras pelas mais baratas e essa foi a saída número um apontada pelos consumidores para adequar o consumo à crise.

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Os dados fazem parte da pesquisa de painel de consumo da consultoria Nielsen, apresentados na terça-feira, 2, na 33.ª edição da feira da Associação Paulista de Supermercados, a Apas Show. A consultoria visita quinzenalmente 8,2 mil lares no País.

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“A fatia de domicílios que trocou de marca mais que dobrou em dois anos”, disse Daniela Toledo, responsável pela área de varejo da Nielsen. Em 2014, quando o País entrava na recessão, 20% dos lares trocaram de marca. Ela ressaltou também que, em 2014, quando esse quesito foi levantado, essa era a 6.ª opção usada para economizar.

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Além da grande parcela que substituiu marcas, em 2016, 22% dos brasileiros resistiram: compraram menos, mas mantiveram as marcas preferidas. Também 7% reduziram alimentação fora de casa e lazer e 5% diminuíram itens de vestuário.

Equilíbrio

Essa ginástica no consumo levou a um resultado inédito. Após dois anos de as famílias gastarem, em média, mais do que ganham, em 2016 as despesas ficaram equilibradas com a renda média de R$ 3.118. Para atingir esse patamar, em 2016 a renda média familiar caiu 12% e o gasto, 16%.

O ajuste mais forte ocorreu nas camadas de menor renda. A pesquisa mostra que a classe C, que impulsionou o consumo nos últimos anos, reduziu em 2016 em 1,2% o gasto em relação à renda. As classes D e E realizaram um corte de 0,8% nas despesas em relação ao orçamento, nas mesmas bases de comparação. Só a classe de maior renda (A/B) continuou gastando mais do que ganha.

Na média geral, a renda voltou ao nível de cinco anos atrás e o gasto caiu mais do que a inflação. Nos dois anos anteriores, as famílias gastavam mais do que tinham e, por isso, se endividavam.

Daniela disse que o ajuste deixou o consumidor mais criterioso na compra. Segundo a Apas, a receita real do setor deve crescer 1,5% este ano, embora tenha caído 1,5% no 1.º trimestre. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.