Aproximadamente 79 milhões de pessoas ou quase 42% da população compram produtos piratas no Brasil. Desse total, 93% justificam as suas aquisições devido ao baixo preço. Entre outros motivos para a escolha de produtos falsificados estão: a facilidade para encontrar esse itens (9%) e a disponibilidade no mercado antes dos originais (4%).
Esses dados fazem parte do levantamento de abrangência nacional ?O consumo dos produtos piratas do Brasil?, realizado pela Federação do Comércio do Estado do Rio de Janeiro (Fecomércio-RJ), em parceria com o instituto de pesquisas Ipsos, em mil domicílios situados em 70 cidades de 9 regiões metropolitanas. Para o presidente da Fecomércio-RJ, Orlando Diniz, esses números retratam ?uma verdadeira epidemia de consumo no país?.
O objetivo da entidade, com esta pesquisa, foi traçar uma radiografia do consumidor nacional de produtos piratas. A análise foi feita nas motivações e no nível de consciência do comprador sobre os danos e prejuízos gerados à sociedade por conta desse comércio.
?Os produtos piratas custam bem menos, porque encontram abrigo na ilegalidade. Fabricantes, distribuidores e comerciantes informais não arcam com tributos, encargos trabalhistas, direitos autorais e todas as obrigações do mercado formal. À primeira vista, parece uma equação simples. Só que a conta não bate. O preço baixo, que atrai o consumidor, acaba saindo caro. Afinal, é a própria sociedade quem paga a diferença entre o custo real do produto e o valor da mercadoria pirata. Todo esse ciclo vicioso impede que o comércio de bens e serviços desempenhe um papel de relevância ainda maior para o desenvolvimento econômico e para a redução das desigualdades sociais?, comentou Orlando Diniz.
A pesquisa foi apresentada ontem, a André Barcellos, secretário-executivo do Conselho Nacional de Combate à Pirataria e Delitos Contra a Propriedade Intelectual, e a Sérgio Torres, assessor do presidente do Conselho Nacional de Combate à Pirataria, Luiz Paulo Barreto. ?Esse estudo será mais uma luz para o controle de pirataria no Brasil. Servirá para intensificar os trabalhos desenvolvidos pelo no Plano Nacional de Combate à Pirataria, que envolve 99 ações distribuídas nos campos repressivo, educativo e econômico?, explicou Barcellos.
Ranking
De acordo com a pesquisa, o ranking dos produtos piratas mais consumidos é liderado com folga por CDs, adquiridos por 86% dos consumidores que compram no mercado informal. Em seguida aparecem itens como: DVDs (35%), relógios e óculos (6%), roupas, calçados/bolsas/tênis e brinquedos (5%).
Se por um lado há um grande contingente de pessoas que consomem no mercado marginal, 58% da população brasileira afirmam não comprar piratas. Para 42% desses consumidores, a baixa qualidade é o motivo que inibe a compra. Falta de garantia (14%), danos ao comércio formal (5%), temor de prejuízos (5%) e temor de punição (3%) são outras razões que fazem as pessoas não comprarem este tipo de produto.
A pesquisa também apurou quais os produtos piratas que o consumidor não levaria para casa de forma alguma. Equipamentos eletrônicos são os itens mais rejeitados (49%), seguidos por programas de computador (37%), DVD (35%), perfumes e acessórios para veículos (30%), cigarros (26%), entre outros.
O levantamento revela ainda dados sobre o nível de conscientização dos consumidores em relação aos danos causados pela pirataria. Para 66% dos entrevistados, o uso de produtos piratas pode trazer alguma conseqüência negativa e 70% associam a pirataria ao crime organizado. Ainda nesta linha, 79% dos consumidores acreditam que a venda dessas mercadorias prejudica o faturamento do comércio formal; 83% acham que a pirataria alimenta a sonegação de impostos; e 83% acreditam que esse crime prejudica o fabricante ou o artista.
A pesquisa foi realizada entre 26 e 30 de agosto de 2006 e tem margem de erro de três pontos percentuais.
