A pirataria e falsificação de produtos no Brasil está ganhando cada vez mais espaço. Uma estimativa desse chamado “quarto setor” aponta que ano de 2002 o País perdeu em arrecadação com produtos pirateados – principalmente fitas, CDs, softwares, jogos e livros – cerca de US$ 917 milhões. Já os três setores mais atingidos – cigarros, combustíveis e refrigerantes – têm perdido por ano R$ 20 bilhões com os produtos comercializados ilegalmente, ou seja, cerca de 33% do mercado legal.

Para discutir como as empresas podem se proteger desse vilão foi realizado ontem, em Curitiba, um seminário sobre a falsificação de produtos. De acordo com o diretor da Kroll – empresa multinacional de consultoria em gerenciamento de riscos – Vander Giordano, o quarto setor é composto por empresas que atuam no mercado paralelo, falsificando produtos, sonegando impostos e obtendo lucro indevidamente. Ele comenta que essas “empresas” usam comumente práticas como exportações fictícias – fingem que exportam, mas não exportam. Ganham na isenção de IPI e ICMS, emitem notas fiscais duplicadas – notas com a mesma numeração para destinos diferentes – e também utilizam a conhecida “meia nota”, que são notas fiscais que apontam diferenças na quantidade do produto, geralmente informam um menor número de produtos em relação ao que realmente foi comercializado. “Os produtos dessas empresas, que além de sonegarem impostos também em muitas vezes pirateiam produtos e marcas, tem preços bem mais baixos e a qualidade, obviamente, também é inferior”, disse.

Atenção

Para combater esse tipo de ação, comenta Vander Giordano, é preciso enfraquecer a fabricação e a distribuição. As grandes empresas, comenta o diretor, não devem comercializar máquinas ou peças usadas, porque acabam fomentando o mercado das empresas de falsificação. Outro detalhe é cuidar na hora de dispensar peças ou lançar produtos, investigando sempre a idoneidade dos prestadores de serviços. “Teve o caso de uma empresa de camisas de time de futebol que, seis meses antes de lançar seu produto no mercado, já tinha camisas falsificadas sendo vendidas”, contou.

Como o consumidor acaba sendo atraído por esse tipo de produto em função dos custos, Giordano comentou que é necessário investir em qualidade e durabilidade. Ele salienta que o ditado popular que “o barato sai caro” pode ser aplicado nesses casos, já que o consumidor opta por produtos com custo menor, mas acaba tendo prejuízos na seqüência. “Um exemplo claro disso são os combustíveis (quando misturados com solvente de borracha). O motorista compra porque é mais barato, mas acaba gastando mais com as avarias que esse produto provoca no veículo”, finalizou.

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