Hoje, é mais fácil falar mal de Lula ou, pelo menos, reconhecer o mal que o cerca, do que encontrar pontos positivos que sustentem a sua teimosa e persistente boa fama. O que estaria segurando Lula? Se fosse outro presidente, escolhido da mesmice que a política brasileira repetiu por décadas, a esta altura estaríamos em processo de ?impeachment? ou, no mínimo, caminhando para uma renúncia.
Segura Lula no seu cargo e no balouçante prestígio que as pesquisas revelam, em primeiro lugar, sua persistente popularidade junto às massas mais humildes. Aquelas às quais sempre falou e prometeu, na linguagem que entendem, mesmo que sobre assuntos que não compreendem. Segura-o no posto, também, a política econômica do governo, que não é a do PT, desagrada a ala autêntica e de esquerda do partido, mas é conduzida com mãos de ferro pelo ministro da Fazenda, Antônio Palocci.
Essa política bem merece o apelido pejorativo de neoliberal dado àquela praticada pelo governo FHC, pois longe de moratórias e calotes, tem sido conduzida de forma a obter crescentes superávites para rolar e, quando possível, pagar parcialmente a imensa dívida do País. E isso se faz sem a preocupação de produzir caixa para o desenvolvimento econômico, a geração de empregos e o combate frontal às profundas diferenças sociais que envergonham a nação. Se faz com o aplauso do Fundo Monetário Internacional e das autoridades econômicas norte-americanas. Quem diria?
A bem da verdade, o empresariado nacional e os demais que compõem a chamada classe conservadora se limitam a criticar as constantes elevações dos juros. E, óbvio, reclamam a falta de créditos baratos para investimentos. Mas preferem esta política àquela que o PT de Lula pregava até alcançar o poder.
Teme-se que a queda de Lula viesse a gerar a ingovernabilidade. Mais ainda, que jogasse a índices ínfimos a confiança no Brasil, como chegaram quando ficou claro que Lula ganharia as eleições.
A confiança do empresariado nacional e dos investidores externos se mantém em bom nível, apesar da crise política e moral, porque Antônio Palocci e sua equipe têm sido constantes e fiéis à condução capitalista e comportada da economia, não importam os gritos das esquerdas e a denúncia da evidente contrariedade ao que antes o PT pregava. Uma ação que nada tem de esquerda e de socializante.
A política econômica, sob a ótica dessa gente, vai bem. Inacreditavelmente bem, apesar da sua vulnerabilidade, reconhecida tanto por Lula quanto por seu ministro Antônio Palocci. A inflação, que era esperada de 8% neste ano, já está sendo estimada em 5,5%. O saldo positivo na balança comercial está sendo prevista em R$ 42 bilhões, contra uma previsão anterior de R$ 38 bilhões. Em um ou outro caso, recorde. O governo manipula números para mostrar resultados positivos, mas muitas vezes eles relativamente existem.
Assim, teria acertado o presidente ao falar à nação recentemente e pela primeira vez sobre a crise, quando pouco ou nada disse das negociatas, maracutaias e mensalões. Priorizou e enalteceu os resultados econômicos que o seguram no cargo. Isso quando o mundo em desenvolvimento cresce 6% ao ano; e nós, apenas 3,5%.