Pela primeira vez desde a proclamação da Independência, quando o Brasil já devia muito dinheiro para a Inglaterra, o País passou à condição de credor externo. Fato inédito e digno da maior comemoração, conforme as informações liberadas anteontem pelo Banco Central. Aliás, confirmando as expectativas ventiladas nas últimas semanas pelo presidente Henrique Meirelles quanto à elogiável situação econômica nacional.
Para dizer de outra forma, o Brasil acaba de anular o total líquido da dívida externa pela quantidade de ativos que possui no exterior, ou seja, as abençoadas reservas internacionais.
A posição brasileira é tão confortável que a dívida externa, fantasma que encheu de pavor as administrações federais instaladas desde as exéquias do ciclo militarista, passou para o negativo em festejados US$ 4 bilhões. O dinheiro que o País tem aplicado no exterior, enfim, supera o valor da dívida externa.
Para chegar à situação altamente privilegiada, houve uma contribuição exponencial do saldo positivo da balança comercial (exportações menos importações) e também as chamadas transações correntes, que tiveram comportamento acima da média nos dois últimos anos. Contudo, o presidente do Banco Central continua a advertir que mesmo tendo meios para enfrentar e resistir à crise financeira internacional, o Brasil não pode se considerar invulnerável a ela, tendo em vista a acentuada interdependência da economia globalizada. Portanto, se os brasileiros têm motivos de sobra para comemorar, manda a prudência que não se cometa o menor exagero.