O crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) pelo quinto trimestre seguido leva os analistas de mercado a estimarem evolução de 5,1% na geração das riquezas do país neste ano. Esse fator se traduz no comportamento favorável das variáveis econômicas diretamente relacionadas com o bem-estar social, como os aumentos do consumo interno, da massa de rendimentos e do emprego.
O diagnóstico consta do Relatório Trimestral de Inflação, divulgado hoje pelo Banco Central, que destaca a contradição de as taxas de inflação permanecerem em níveis "incompatíveis" com a trajetória de metas no médio prazo. A persistência das pressões inflacionárias, no atacado e no varejo, diz o relatório, faz com que o mercado mantenha expectativas rígidas de inflação para o ano que vem, com previsão de 5,7%. Acima, portanto, da meta oficial de 4,5%, ajustada pelo BC para 5,1%.
"O comportamento recente dos indicadores evidencia a sustentabilidade do ciclo de crescimento que ora se observa", afirma o documento. Isso porque além do aumento da massa salarial e do volume de crédito, houve maior oferta de investimentos nos últimos meses, de modo a garantir condições para a continuidade do crescimento em 2005.
Somado a isso, a revisão dos dados das contas nacionais ratificou patamar mais elevado para a formação bruta de capital fixo, considerando-se a tendência de aumento gradativo da capacidade de produção do parque industrial, com redução da ociosidade em termos agregados. Para esse fator, os economistas criaram o neologismo de "hiato do produto".
A diretoria do BC acredita, portanto, que em um ambiente de elevada utilização da capacidade instalada, "a trajetória da inflação dependerá marcadamente dos desenvolvimentos correntes e prospectivos da oferta de bens e serviços para o adequado atendimento da demanda em expansão".