É mais fácil prever resultado da Copa que da eleição, diz FHC

O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso disse hoje que é mais fácil hoje prever a vitória da seleção brasileira na Copa do Mundo na Alemanha do que o resultado das eleições presidenciais de outubro, mas manifestou-se esperançoso sobre a vitória do candidato do seu partido, o governador Geraldo Alckmin, do PSDB, dizendo que "ela é possível".

"Ainda é muito cedo, precisamos esperar para ver quantos candidatos se apresentarão e as alianças que serão feitas", disse ele durante uma palestra organizada pelo Diálogo Interamericano para promover a edição em inglês de seu livro de memórias, "The Accidental President of Brazil", lançado nos EUA.

"Estamos ainda num momento político, e não num momento eleitoral", explicou Fernando Henrique, lembrando que nas duas vezes em que concorreu ao Planalto, em 1994 e 1998, partiu em posição de desvantagem em relação ao hoje presidente Luiz Inácio Lula da Silva, e em ambas venceu no primeiro turno. "Hoje, tudo ainda está muito vago para os eleitores, mas as campanhas são muito importantes no Brasil e mudam votos".

O ex-presidente disse que a contenda deverá girar entre os candidatos do PT e do PSDB, mas destacou a importância também da influência que o PMDB tomará e citou como exemplo a iniciativa do governador do Distrito Federal, o peemedebista Joaquim Roriz, de apoiar o candidato tucano. Ele disse também que a virtual candidatura do prefeito José Serra ao governo do Estado de São Paulo e a campanha à reeleição do governador de Minas Gerais, Aécio Neves, ajudarão a impulsionar a candidatura de Alckmin ao Planalto, por causa do peso considerável de São Paulo e Minas no colégio eleitoral.

Fernando Henrique disse que a popularidade de Lula será um fator importante nas definições de alianças, mas não o único. "É possível para o PSDB ganhar porque o grau de falta de respeito, e não a popularidade do atual governo, está aumentando", afirmou, citando a queda do ministro da Fazenda, Antonio Palocci, para ilustrar a perda de credibilidade da administração petista junto à população. Segundo o ex-presidente a saída de Palocci terá um efeito duplamente negativo para o PT nas eleições. O primeiro é que privou o governo de seu melhor ministro e de um homem que era bem visto no mercado financeiro. Mais grave, porém, é que "a saída do ministro ocorreu por causa de algo que é pior do que corrupção, de um ato autoritário", disse ele, referindo-se à quebra ilegal do sigilo bancário do caseiro Francenildo Pereira.

"Muita coisa pode mudar daqui até outubro e é preciso esperar até agosto, quando começará a campanha eleitoral pela televisão, que é muito importante num país com as dimensões do Brasil onde mais de 90 milhões de pessoas votam", concluiu Fernando Henrique. Até lá, sublinhou o ex-presidente, a negociação dos acordos políticos será mais importante do que a política eleitoral propriamente dita.

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