O ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Luiz Dulci, disse ontem que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva "é o chefe do governo em todos os níveis" e os ministros, apenas "colaboradores". Segundo ele, em seu segundo mandato não deverá existir nenhuma figura mais próxima e mais forte, como ocorreu com o ex-ministro-chefe da Casa Civil José Dirceu. "Não me parece que o presidente queira voltar a ter um colaborador que acumule funções.

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Dulci fez as declarações em entrevista ao canal de TV Globonews. Ele acrescentou que o próximo governo será mais centralizado: "O presidente deixou claro que quem vai coordenar a montagem do novo ministério será ele.

Lula também se encarregará, antecipou Dulci, da articulação com os governadores eleitos para aprovação de projetos de interesse comum, "nas questões práticas de grande relevância", como as reformas política e tributária e a segurança pública. "Eu posso estar enganado", comentou, "mas acho que vai acontecer uma reunião geral com os governadores no início do ano que vem".

Dulci admitiu, na entrevista, que o PMDB deverá ter um peso bem maior no segundo mandato de Lula – e mencionou até a possibilidade de uma eventual aliança entre petistas e peemedebistas em 2010. O projeto do presidente, segundo ele, é "criar um governo programático de coalizão".

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Além dele, o presidente interino do PT, Marco Aurélio Garcia, fez afirmações positivas a respeito da intenção de Lula de dar menos espaço ao partido no próximo mandato. Ao sair de uma reunião entre a bancada petista atual e a que foi recém-eleita, Garcia comentou a declaração do presidente de que o PT tem a Presidência da República e essa já é uma boa representação.

O presidente interino petista garantiu que o partido não está preocupado com a nova estratégia de Lula. O governo é de coalizão, afirmou, e todas as forças que o apóiam devem participar do Executivo. Em sua opinião, um dos grandes feitos da legenda na eleição foi a mobilização de forças políticas em torno do presidente. Agora, ele espera "que essas energias sejam capazes de contribuir na execução do programa de governo".

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Não será ruim para o PT ter uma representatividade menor, garantiu. "Ruim seria se tivéssemos um governo sem programa. O PT terá a participação que merece e será uma boa participação." Garcia defendeu ainda, diante dos petistas, uma relação mais estreita dos parlamentares com o partido e o Poder Executivo.