Fortaleza – O ministro-chefe da Secretaria Geral da Presidência da República, Luiz Dulci, disse hoje (18), em Fortaleza, que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva está tratando a questão boliviana "com muito equilíbrio e firmeza". De acordo com ele, Lula teria duas atitudes a escolher. Uma delas seria "chutar o pau da barraca". O que, segundo o ministro geraria "um sucesso imediato", "notinhas aqui e acolá". "Mas é um resultado que não se sustenta", comentou Dulci.
A outra atitude é a que está sendo adotada pelo governo brasileiro. "É a chata", brincou. "A postura do presidente Lula na questão boliviana é reconhecer que a Bolívia, assim como nós, tem os seus direitos na questão do subsolo. Agora não vamos aceitar que os legítimos interesses nacionais brasileiros sejam prejudicados", comentou Dulci, durante a abertura do V Encontro com o Mercosul, que prossegue com discussões durante todo o dia de hoje (18), na sede do Banco do Nordeste, em Fortaleza.
Dulci afirmou que o presidente Lula não vai fazer gesticulação eleitoral irresponsável e que continuará tratando o assunto pela via da negociação. "Porque o Brasil tem 40 anos sem guerra com seus vizinhos", justificou. E prometeu: "Vamos garantir que não falte gás para ninguém. Vamos garantir que o preço não aumente."
Na opinião dele, muitas bobagens já falaram sobre este assunto, inclusive, a de romper relações e retirar o embaixador brasileiro daquele país. "O PIB da Bolívia não chega a 1% do nosso PIB. O eventual prejuízo que a Petrobras possa ter lá, perto do lucro que a Petrobras está tendo no mundo, é modesto", comparou, em tom crítico destacando que "nós não vamos adotar política guerreira" contra "o país mais pobre dos pobres da América do Sul".
Dulci assegurou que estão sendo tomadas medidas para que o Brasil não continue dependendo do gás boliviano e que, no prazo de três a quatro anos, o País será auto-suficiente neste setor. A dependência atual do produto boliviano, segundo ele, é decorrente do baixo preço cobrado por nossos vizinhos quando comparado aos fornecedores americanos e europeus. "O Brasil se acomodou. Hoje, o Brasil poderia ser auto-suficiente na produção de gás natural. Não o é porque se acomodou com preços hiper-vantajosos, muito abaixo dos preços do mercado internacional", enfatizou.
O Encontro com o Mercosul faz parte de um ciclo de seminários organizados pela Secretaria-Geral da Presidência da República. Esta é a quinta edição do projeto que já foi realizado em Recife Salvador, Belém e Belo Horizonte. Entre os temas que foram discutidos em Fortaleza estão a Construção e Perspectivas Futuras do Mercosul, Impactos do Mercosul sobre o Nordeste e as Relações do Mercosul com o Terceiro Setor e o Setor Privado. Os resultados dos debates e propostas serão encaminhados ao Foro Consultivo Econômico-Social do Mercosul.