São verdadeiramente impressionantes a tenacidade e a capacidade de organização de campanha demonstradas pela senadora Hillary Clinton, na batalha interna pela indicação à candidatura presidencial pelo Partido Democrata. Seu rival é o também senador Barack Obama, filho de pai africano e mãe norte-americana, considerado atualmente a maior revelação política nacional desde a época dos irmãos Kennedy.
O pretendente é ungido com a indicação, uma espécie de ato culminante do processo de escolha através do sistema de eleições primárias, somente no encerramento da convenção nacional do partido ou ante a desistência dos demais candidatos, como ocorreu no Partido Republicano.
Com a vitória de Hillary nas primárias do Texas e Ohio, dois estados importantes na definição do número de delegados favoráveis a um dos candidatos, a ex-primeira dama respirou aliviada ao exibir uma admirável resistência que torna ainda mais eletrizantes as próximas rodadas do processo interno dos Democratas. Nesse momento, Obama ainda tem a seu favor um número maior de delegados, mas Hillary não arrefece o ritmo da campanha.
A disputa é renhida e não raro os litigantes, sem dispensar o tradicional ?fair-play?, verbalizam de forma mais aguda os ataques mútuos, enquanto nos bastidores os principais operadores da campanha de um e outro candidato esmiúçam as regras do sistema de prévias, no esforço para conquistar o maior número possível de ?superdelegados?.
As regras eleitorais de cada estado, muitas vezes estranhas e complicadas para eleitores fora dos Estados Unidos, determinam que é a quantidade majoritária desses privilegiados representantes da máquina partidária, independentemente do resultado das primárias, que decide quem receberá a indicação presidencial.
O próximo embate entre Hillary e Obama está marcado para o dia 22 de abril, nas primárias da Pensilvânia. Os dirigentes do partido estão preocupados com os intensos gastos para movimentar a estrutura de campanha e, sobretudo, com o desgaste que pode ocorrer com a dureza dos ataques oriundos do já declarado candidato republicano, senador John McCain.
McCain recebeu o apoio do presidente Bush, até então um aguerrido crítico da candidatura do antigo herói de guerra.