A Polícia Federal (PF) obteve hoje a confirmação da existência de uma segunda conta no exterior em nome do publicitário Duda Mendonça, que trabalhou para o governo. A informação foi transmitida, oficialmente, pelo Ministério Público (MP) dos Estado Unidos ao procurador-geral da República, Antônio Fernando de Souza, que pediu à PF para convocar Duda Mendonça a prestar um novo depoimento, tão logo cheguem dados mais detalhados sobre a conta e os abastecedores.

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Também será convocada para depor a filha dele, Eduarda Mendonça, que teria tentado sacar os recursos na agência de um banco em Miami, em 2005. A PF quer saber a origem do dinheiro e, se ficar constatado que a fonte é o mesmo caixa dois operado pelo empresário Marcos Valério Fernandes de Souza para pagar contas do PT, o chamado "valerioduto", pedirá pela segunda vez a prisão preventiva de Duda Mendonça.

O primeiro pedido de prisão foi feito há quatro meses, quando o publicitário confessou à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Correios ter recebido R$ 10,5 milhões do valerioduto como parte do pagamento das campanhas eleitorais que fez para o partido, até mesmo a do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O dinheiro foi depositado por Valério na conta Dusseldorf, aberta por Duda Mendonça nos EUA e devidamente mapeada. Investigadores da polícia acreditam que esta segunda conta recém-descoberta possa ser uma espécie de conta siamesa da Dusseldorf.

Milhões

A descoberta dessa segunda conta no exterior pode ser o destino de parte da movimentação bancária do publicitário. A CPI rastreou R$ 377 milhões em operações "suspeitas" na conta de uma das empresas de Duda Mendonça. Misteriosas transferências bancárias estão assinaladas apenas como "payments" nos sigilos bancários do publicitário, sem quaisquer informações sobre os beneficiários e os depositantes do dinheiro. A descoberta consta de um levantamento confidencial da comissão.

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Essas operações começaram em agosto de 2003, quando Duda Mendonça assinou um contrato de publicidade com a administração federal. O trabalho dos peritos mostra que a saída de dinheiro como "payment" da conta do publicitário costumava coincidir com os depósitos do Poder Executivo e da Petrobras, com os quais Duda Mendonça tinha contrato.

Os valores individuais das transferências são impressionantes. O levantamento revela que 104 operações envolveram mais de R$ 1 milhão. Os dados bancários mostram que a Duda Mendonça Associados transferiu R$ 12,7 milhões para um beneficiário não identificado via "payments". Como nas demais transações, o BankBoston não informou à CPI nem o nome do banco que participou do repasse nem o destino. No mesmo dia, por exemplo, o Executivo depositara R$ 2,6 milhões na mesma conta, a título de serviços publicitários

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