A cúpula da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Correios marcou para quarta-feira (15) o novo depoimento do publicitário Duda Mendonça. A expectativa é que pelo menos parte do depoimento ocorra a portas fechadas, uma vez que a CPI teve acesso a documentos sigilosos da Justiça dos Estados Unidos com a quebra do sigilo bancário e fiscal de Duda Mendonça. O relator da comissão, deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR), pretende apresentar o texto final no dia 21. O relatório deverá ser votado na primeira semana de abril.
"Tudo o que aconteceu na CPI vai constar no relatório. Aquilo que foi investigado fará parte de um relatório consistente", afirmou hoje o presidente da CPI, senador Delcídio Amaral (PT-MS). A vinda do publicitário na próxima semana à comissão foi acertada em reunião hoje da cúpula da CPI. Segundo integrantes da comissão, Amaral conversou com Duda Mendonça sobre a convocação. A expectativa é que, desta vez, ele não faça nenhuma revelação bombástica.
Em agosto, Duda Mendonça foi espontaneamente à CPI e revelou que recebeu R$ 10,5 milhões do empresário Marcos Valério Fernandes de Souza como parte do pagamento da campanha nacional do PT em 2002. O dinheiro foi depositado na Dusseldorf, uma offshore nas Bahamas com conta em Miami. O sigilo dessa conta foi quebrado pela Justiça dos Estados Unidos e é analisado pela comissão. A amigos, o publicitário confessou que se arrependeu de ter ido à CPI e admitido o recebimento de dinheiro de caixa dois.
No encontro da CPI, também ficou acertado que não haverá prorrogação dos trabalhos. A oposição desistiu de tentar continuar as investigações porque chegou à conclusão de que, dificilmente, conseguiria obter as 171 assinaturas de deputados necessárias na Câmara para que a CPI continuasse a funcionar. As novas denúncias de pagamento de "mensalão" a 55 dos 81 deputados do PMDB e desvio de recursos da empresa Furnas Centrais Elétricas e da Usina Hidrelétrica Itaipu Binacional para financiar campanhas eleitorais serão investigadas pela Polícia Federal (PF). "Surgindo algum fato novo, a Câmara e o Senado é que vão julgar se a CPI tem de prosseguir. Nas atuais circunstâncias, os relatórios das sub-relatorias estarão prontos na próxima semana", disse o presidente da CPI.
Amanhã (10), a Sub-Relatoria de Fundos de Pensão ouvirá o depoimento do ex-assessor da Casa Civil Marcelo Sereno. Pelos depoimentos de ex-dirigentes de fundos, os integrantes da CPI apuraram que Sereno tinha influência em três entidades de previdência privada: a Fundação Rede Ferroviária de Seguridade Social (Refer), o Nucleos – Instituto de Seguridade Social e a Real Grandeza Fundação de Previdência e Assistência Social. Sereno também teria ingerência nas decisões da Prece – Previdência Complementar durante o período em que a ex-governadora Benedita da Silva (PT) administrou o Estado do Rio, em 2002.
