Duas fusões sobrevivem após fim da cláusula de barreira

Depois de muito barulho no ano passado, quando a cláusula de barreira quase acabou com mais de dez partidos, o Congresso reabre em fevereiro com a mesma paisagem de quatro anos antes: muitas siglas, uma representação distorcida do eleitorado e as eternas promessas de uma reforma política. A nova legislatura começa com 27 partidos em vez de 29. Das muitas fusões anunciadas no fim do ano, só duas sobreviveram. Numa delas, o Partido dos Aposentados da Nação (PAN) foi incorporado ao PTB. Na outra, o Partido Liberal (PL) e o Partido da Reedificação da Ordem Nacional (Prona) juntaram-se para formar o Partido da República (PR), que aguarda a confirmação da Justiça eleitoral até o fim do mês.

De resto, derrubada a cláusula de barreira pelo Supremo Tribunal Federal, voltam à rotina legendas ativas, como PPS, PTB, PSOL, PV e PCdoB, mais uma penca de 12 ou 15 que só dão sinal de vida nas temporadas de horário gratuito de rádio e TV. ?O que se viu foi mais uma dessas fantásticas histórias da nossa vida partidária?, afirma o cientista político Jairo Nicolau, professor do Instituto Universitário de Pesquisas do Rio de Janeiro (Iuperj). Aconteceu de novo, diz ele, uma enorme confusão entre duas coisas bem diferentes – o direito constitucional à organização partidária e as regras de acesso dos partidos aos recursos públicos que precisam, segundo ele, ser reavaliadas.

PR x PRB

O PR, fundado em 26 de outubro, herda o número 22, que era do PL. Ele começou a vida com 25 deputados federais em janeiro – já somados os dois do Prona, Enéas Carneiro, de São Paulo, e Suely Santana, do Rio de Janeiro. Mas uma lista provisória do PR na internet apresentava ontem 36 nomes. No Senado, a sigla terá três representantes, um dos quais o ex-ministro dos Transportes Alfredo Nascimento (AM).

A bancada pode crescer nas próximas semanas, se for confirmada a adesão do governador de Mato Grosso, Blairo Maggi, que deixou o PPS. Ele pode levar consigo outros deputados e, assim, o PR deverá começar sua vida em plenário com três nomes de peso – o vice-presidente José Alencar, um possível ministro e um governador. A bancada será a quinta maior no Congresso, atrás apenas de PMDB, PT, PSDB e PFL.

O ?novo? PTB chega ao plenário com 27 deputados e 3 senadores. A fusão com o PAN deu-lhe exatamente o que precisava para sobreviver: um nome a mais, o do deputado Cleber Verde (MA). Além dele deixam o PAN oito deputados estaduais.

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