O chefe do setor de segurança e saúde do trabalhador da Delegacia Regional do Trabalho, Sergio Silveira de Barros, sugeriu nesta terça-feira (18), durante reunião do Conselho de Política Automotiva do Governo, que o governador Roberto Requião formalize futuramente a criação de novas forças-tarefas para combater e reduzir o elevado número de acidentes do trabalho e doenças ocupacionais em todos os setores da economia paranaense.
A reunião contou com a presença de Mário Lobo, presidente do Conselho de Política Automotiva do Governo; Sergio Butka, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos, Alfani Alves; secretário-geral da Federação dos Metalúrgicos do Paraná; e Carlos Marassuti, diretor da Volvo.
O encontro serviu para discutir os pontos de um protocolo de intenções elaborado pelo conselho automotivo, visando a redução no número de acidentes de trabalho e doenças no setor. ?O governador tem demonstrado, por sua palavra e através da força-tarefa criada para o setor automotivo, preocupação com a posição desconfortável do Paraná (4º lugar) no ranking nacional de acidentes e doenças do trabalho?, disse.
Por conta disso, afirmou Sergio de Barros, acredita-se que o Paraná terá uma expansão dessa atividade tripartite, chamando empresários e trabalhadores para equacionar os problemas de segurança e saúde, e os seus pontos críticos dentro do processo?, disse.
Segundo ele, são registrados anualmente no Paraná 35 mil casos de doenças ocupacionais e acidentes de trabalho. ?Cerca de mil trabalhadores se afastam definitivamente do mercado de trabalho. Desses, 700 se aposentam de forma permanente e outros 300 morrem. Mas pelo menos no setor automotivo este quadro já apresenta mudanças desde que o Governo do Estado criou a força-tarefa para verificar ?in loco? as condições de trabalho dos operários do setor. Tivemos alguns avanços. Assim, gostaria de ver o governador Requião criando forças-tarefas para os setores moveleiros, madeireiros, químico e de alimentos, onde é elevado o número de notificações?.
Sergio Silveira de Barros revelou que a maioria dos acidentes é causada por falta de proteção de maquinários, como prensas e guilhotinas ou mesmo por problemas com as instalações elétricas das fábricas. Segundo ele, existem ainda as insalubridades químicas e físicas, que vão gerar lá na frente problemas de saúde aos trabalhadores. ?É necessário ver o trabalhador como um ser humano, que precisa ter saúde para ganhar a vida e também como um elemento importante no sistema de produção, porque é a inteligência que está gerando a criatividade e a produção de bens e serviços. Não podemos pensar numa empresa só pelas máquinas. Precisamos de homens e mulheres sadios, criativos, inteligentes, felizes e com qualidade de vida?.
Mas em sua opinião isso só vai acontecer quando o Poder Público, o Ministério do Trabalho, a Secretaria da Saúde, sindicatos dos trabalhadores e as empresas se unirem na busca de novos caminhos pactuados na busca pela redução dos acidentes de trabalho. ?É preciso entender que a ação fiscal é fundamental, mas se tivermos uma forma de acelerar o processo, através de mecanismo tripartite, rapidamente vamos achar soluções criativas e eficazes para estes problemas e logo o Paraná deixará de ocupar lugar de destaque num ranking negativo?.
Brasil perde R$ 21 bilhões
De acordo com uma estimativa da Universidade de São Paulo (USP), o Brasil perde todos os anos cerca de R$ 21 bilhões por conta dos acidentes de trabalho ou doenças ocupacionais, considerando os custos diretos e indiretos. Os custos diretos são causados pelo afastamento do trabalhador, perdas de matérias-primas e custeio de reposição de mão-de-obra. Já os indiretos são os custos previdenciários.
?O número é assustador?, afirma Sergio Silveira, para quem o Brasil perde a cada dois anos valores correspondentes a uma usina Itaipu, que custou cerca de US$ 12 bilhões. ?É um custo Brasil vergonhoso, e o pior é que muitas vezes os empresários não estão conscientes disso e o poder público na maioria das vezes não tem essa percepção de que podemos melhorar nossos processos de produção?, acrescenta.
O representante da DRT-PR disse que é preciso melhorar os cuidados com a saúde do trabalhador. ?Sabemos que as plantas industriais produzem a nossa riqueza. Mas é importante ver que cerca de 4% do nosso BIP (Bruto Interno Bruto) está sendo perdido por conta de acidentes e doenças ocupacionais?, explicou.
Segundo ele, esta é uma perda enorme para um país pobre. Esse recurso poderia ser investido em escolas, saúde ou mesmo em recuperação de rodovias. ?Perder R$ 21 bilhões é economicamente inviável e socialmente vergonhoso, um desastre, uma verdadeira guerra para o país. No Paraná, o governador Requião está mudando essa realidade, começando pelo setor automotivo?, conclui.