Rio de Janeiro – Pelo menos um entre cada dez carregamentos de produtos piratas apreendidos nas fronteiras brasileiras traz consigo também drogas, armamentos ou munições. É o que revela um levantamento realizado pelo Conselho Nacional de Combate à Pirataria, com base em apreensões feitas neste ano pela Receita Federal e pelas polícias Federal e Rodoviária, em Foz do Iguaçu (PR).
Segundo o presidente do conselho e secretário-executivo do Ministério da Justiça, Luiz Paulo Barreto, o estudo confirma as suspeitas sobre existência de uma ligação das quadrilhas que comercializam produtos falsificados com os tráficos de drogas e de armas.
?As máfias chinesa, coreana, libanesa e brasileira montaram grandes redes de produção e inserção de produtos piratas no mercado brasileiro. Eles acabam usando essas mesmas redes para também distribuir drogas e armas", diz Barreto.
"Hoje não é exagero dizer que quem compra um CD pirata está financiando a droga que vai para a escola, a arma que vai para a mão do criminoso, a insegurança pública.?
Alguns ônibus que trazem drogas em meio a carregamentos de produtos piratas têm sido queimados durante operações policiais para tentar ocultar a prova do crime. Ao terem seus veículos apreendidos pela polícia, os criminosos tentam se livrar das drogas para não serem indiciados por tráfico internacional de entorpecentes.
?Um mês atrás, dez ônibus foram apreendidos em Foz do Iguaçu. De repente, os condutores, simulando uma revolta, colocaram fogo em três ônibus. Não era uma revolta. Não houve protesto. É porque, naqueles ônibus, havia drogas. É muito mais fácil você responder pelo crime de pirataria do que por tráfico internacional de drogas?, conta o secretário-executivo do Ministério da Justiça.
De acordo com ele, o governo federal deverá tratar a questão da pirataria também como tema de segurança pública. ?Preocupa o fato de que, em cada dez (carregamentos de produtos piratas), a gente pega um com arma ou droga. Porque são crimes que assustam e que trazem insegurança pública. Um dos nossos objetivos agora é levar, na política do governo federal para os estados, o combate à pirataria também como instrumento de segurança pública.?
