Apesar de ter levantado a possibilidade de instaurar uma Comissão de Ética para os envolvidos no episódio do dossiê Vedoin, com enfático apoio de vários de seu líderes, o PT agora quer ver o caso fora da agenda. Com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva reeleito, o partido espera poder se livrar do desgaste de uma investigação interna, para se dedicar às discussões sobre a formação do novo governo e sobre seu papel no segundo mandato.
Alguns líderes ainda evitam descartar totalmente a abertura da comissão. Mas parte da direção já admite que a investigação interna está longe de ser a vontade do partido. "A abertura da comissão seria uma agenda negativa em um momento em que o PT deveria se concentrar em discutir uma agenda positiva, debatendo como será o novo governo", afirma o secretário-adjunto de Comunicação da legenda, Francisco Campos.
O PT teria dois possíveis alvos para a Comissão de Ética: Oswaldo Bargas, sindicalista histórico e amigo de Lula, e Expedito Veloso, ex-diretor do Banco do Brasil. Ambos tiveram participação no escândalo do dossiê e já foram ‘expulsos politicamente’ por decisão da Executiva Nacional, em outubro, ao serem punidos com suspensão de até 60 dias. Segundo o estatuto do PT, a expulsão formal só pode ocorrer caso esses filiados sejam submetidos ao processo ético. Mas isso significaria retomar o debate sobre o caso do dossiê Vedoin – com agendamento de depoimentos, convocação de testemunhas e montagem de um relatório sobre as irregularidades cometidas.